Leve, fria e branca

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Está-se mesmo a ver: hoje foi o dia da neve...


Neve e gelo e o manual que ficou por abrir... Fria, será que sou uma pessoa fria? Será que sou neve humana?
A mudez persiste, e a minha alma despida tem frio e tirita por estar ruas molhadas por chuviscos púdicos, que nem chuva nem neve têm coragem de ser. E o silêncio parece-me prateado e agudo.

Vou pensando que a neve queima os incautos. Ouço Porto Côvo e fecho os olhos, transportada que sou pelo calor das palavras tristes e velhas que me falam de lua e pêssegos cor de laranja. Transforma o fraco em coisa forte (tudo se renova), diz o Tiago num cesto de frutas, de palavras frutíferas e doces, com um travo amargo a quem nelas pensa. Fortalecem, estas palavras bebidas!

Mas a neve persiste... Como a mudez prateada de quem não sabe perder e me recomenda manuais do gelo que só resultam na teórica equação de quem parece não sentir, mas que sente demais.

Neve humana somos todos nós...


A noite fria do leão

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Ri-me muito. É bom... Tive duas boas razões: o meu clube ganhou e o meu clube ganhou ao eterno rival na presença dele.

Confesso: no início senti-me atraída por aquela gente de vermelho a berrar e gritar em uníssono. Mas clube de coração é isso mesmo, ainda que a outra parte do meu coração estivesse naquele estádio a torcer e sofrer pelo adversário da minha equipa ... (o lado errado do meu coração está mudo porque não sabe perder e nem sei que sentir e pensar sobre isso) ...

Foi uma descarga de adrenalina, e só não é uma noite melhor porque está frio e a mudez me incomoda.

Só... porque sem o olhar mais doce a noite é desabitada de carinho escondido. Sem as piadas fáceis, não sorrio da mesma forma que o faço quando me irrito com ele.
O que estou para aqui a escrever??? Não!!! É verdade esta solidão, mas é minha. Não posso sentir esta ternura por quem foge da minha alma como se fosse a escuridão da bruma e da morte...

Já não sei, nunca soube, mas tenho a certeza desta nostalgia do sentir (a mudez dele rima com a nudez da minha alma).


Citação (des)inspiradora

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O que a história conta não passa do longo sonho, do pesadelo espesso e confuso da humanidade
(Schopenhauer)




Nas palavras que não são minhas: Dóis-me...

Rasgo-me hoje...
Estou vazia de mim, do meu sorriso, da minha pele, do meu sol, do meu deus que me ouve e eu não vejo.
Amo hoje como não amei ontem e não amarei amanhã, porque hoje a leveza de mim ficou numa gaveta funda e com cheiro a mofo.
O meu sorriso é de pedra, frio e rugoso como a rocha onde me escondo da verdadeira luz que não me dá a vida.
É uma tristeza incolor, inodora, intangível, que me cerca por todos os lados e se entranha em cada poro da minha pele. Quero a luz, o calor, mas hoje és tu (sim, tu, tu de sorriso fácil e coração fechado e torturado pelo que não me contas em histórias de embalar).
É amargo e salgado este meu recanto de escuridão. É pleno em mim, e eu nele. Porque me dá a esperança do que não me brilha no horizonte.
Não me prendas se não me queres.
Não me prendes... não me queres. Já está!


Sorrir porque ... existe

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Ontem pensava porque chamei a este meu (nosso?) recantinho escondido à vista de milhões de pessoas PEDACINHOS DE ESTRELAS... Sim, porque havia a estrela do mar do Jorge Palma a descrever-me como uma luva, a encarnar em mim a solidão que só conhece quem já amou fora de tempo.
Estava novamente à espera do autocarro no meio da cidade, tinha despido a capa dura desse dia e preparava-me para, finalmente, ao fim de tanto tempo que nem foi tanto como isso, voltar ao casulo de chocolate. E lembrei-me do Rui não ver estrelas no céu porque é Janeiro. Pois é, e para mim continua a estar um frio de rachar.

Devia haver um bonequinho amarelo do MSN que representasse apenas um pequeno esboço de sorriso, que fosse um leve nada de pó de estrelas a iluminar o olhar. Mas que não tivesse um ar gozão como quem eu sei, que fosse sinal de cumplicidades que nem precisam de ser ditas e quietude entrelaçada de almas de quem não toca o que não precisa de tocar, porque o tem no mais profundo do seu ser e o sabe com a certeza de tudo o que é um sorriso...
(e que não dissesse piadinhas do meu clube de futebol)


O dia seguinte... ou o azul cego da tristeza

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Estou mais calma... já disse tudo o que tinha a dizer.


Fui ao café onde passo o tempo quando me preparo para a independência rodoviária, onde me conhecem e sorriem porque eu sorrio e troco alguns pedacinhos dos meus tempos livres.
As mesas são azuis, e têm tampo de vidro, era nisto que estava a reparar quando me ocorreu o pensamento de que estou sózinha. Só, porque sózinha, como todos os diminutivos, apela à pena fácil, à clemência de quem não está melhor que eu.
As mesas são azuis, e em todas estão várias pessoas. Só a minha me faz companhia solitária, porque as outras descansam enquanto as pessoas conversam.

19h45, o homem já lá deve estar. E mais vale só no meio da rua, como quem espera, do que no café porque não vem mais ninguém juntar-se à minha mesa.

Espero... como sempre atrasado. Espero, felizmente ao frio na rua. As mesas azuis já estão quentinhas no café fechado.
Sempre gostei de ter tempo e espaço meu. Ou sempre quis gostar. Mas hoje percebi que são azuis as minhas correntes, e cegas à minha vontade e ao meu querer.

Fujo para quem foge de mim. Mas ao menos encontro-me.


Enfim...

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Tiveste gente de muita coragem,
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória
Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade
A caminho da glória
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta
Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças
Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Agradeço como sempre ao Jorge Palma por conseguir pôr em palavras o que estou a sentir visceralmente com uma força que não descrevo...
Ainda estão a buzinar na minha rua... palhaços que não têm outro nome.
Amanhã já devo estar conformada... ou não.


Lua triste e branca

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MORTE

Ninguém gosta de falar dela, ou então gosta demais.
Hoje bateu à minha porta a sua marca gélida e rigorosa, sem meias medidas ou meias palavras. Impressão digital e analógica inequívoca!

É a marca que todos carregamos no umbigo desde que nascemos. Morremos, todos os dias um pedacinho. Mas quando o tempo se nos esgota, nos foge por todos os poros, e os suspiros nem se ouvem, morremos e morremos com a morte, mas ela ressuscita sempre, e nós, que eu saiba, ainda não.


Desta vez, a senhora de branco e negro e cinzentos indefiníveis tocou de perto um amigo. Palavras para quê, são só sons que articulamos e se perdem no ar lacrimejante.
Estar lá! Estar lá, para ouvir, para não dizer nada, não fazer nada, ir embora se for preciso...
Amizade é amor diferente, é amar sem querer mais do que ser amado assim, sem promessas, sem contas a apresentar, por mais dias, meses e anos que se passem.

E a lua hoje à noite vai cear com a morte, e dizer-lhe que ela é fria como o luar de Janeiro, porque tem inveja de não poder encontrar um sentido para a vida...


Long road

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É verdade...
Hoje aprendi que ser lua serena, tranquila e confiante nas mãos bondosas do nosso calor nos dá uma paz e uma calma que não podemos descrever.
Vou a caminho de um objectivo meu, muito meu, e dou esses passinhos, paro no STOP das minhas indecisões, mas por vezes quase que excedo o limite de velocidade das minhas ideias...
Deixar-me ir na corrente... fluir com os meus desejos e aceitar os meus receios, é uma questão de aprender. O medo às vezes faz bem. A frustração também. Mas é sempre o amor.

Abraço-me hoje e saboreio bolachas de aveia e chocolate... e assim abraço o mundo!


Viagem na palma da mão

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Caminhava...
Já me tinha perdido e não encontrado e tinha sede. Maldizia de mim, do que me tinha dado para sair à aventura num caminho que não conhecia.
Passei o dia todo a andar, com a poeira fina da terra colada aos sapatos e a entranhar-se na roupa, nos olhos e na pele. Só ouvia os meus passos e era o som monótono que me perseguia há horas. Fugir dos próprios passos, que ideia tão estranha, e era só no que pensava...

Cheguei a uma pedra, grande, cinzenta e esverdeada, rugosa, mas nem muito, parecia mesmo um sítio para descansar, era só encostar o corpo, fechar os olhos (se é que eles ainda não se tinham fechado). Deixei-me estar...

E ela passou por mim. Admito que no início me assustei, quer dizer, era o meu sonho, não estava à espera de desconhecidos, muito menos deste tipo. Figura franzina, trapos esfarrapados, e foi só nisto que reparei quando ela passou. O instinto de quem está perdido foi mais forte.
- Desculpe - a voz tremia, de cansaço, de desconfiança, sei lá, era o mundo a cair-me em cima
- Estás perdida não é? Anda, eu encontrei-te, vem comigo que precisamos de falar.
Pânico, pânico, SOS! Todas as senhas que eu conhecia, todas as convenções ensinadas ecoavam-me na cabeça, não vás. Lentamente, levantei-me da pedra grande, sacudi a poeira da roupa e da cara, sorri a medo, e fui.
Era velha, muito velha. Rugas desenhavam-lhe a cara, mas numa serenidade e numa harmonia impressionante. Os olhos, escuros de noite, carvão incandescente, eram doces e severos, uma sensação que nunca me tinha dado, e a minha sanidade mental resolveu amedrontar-se e deixou-me mesmo ali, que estes excessos nunca foram com ela.
Segui-a, e apercebi-me do quanto estava perto de tudo. Meia dúzia de minutos e encontrei-me sentada num banquinho pequeno de madeira, tosco mas tão confortável que parecia uma cadeira de baloiço, moldava-se a madeira à carne, e não a carne à madeira. A primeira de muitas surpresas desta velhota pequena que mal me dava pelos ombros.
- Estranho estares aqui. Tenho pensado em ti.
O quê? Pensei e disse, mas a resposta que tive foi um largo sorriso. Sorriso abençoado, sem dúvida. Aqueceu-me como um chá verde, adoçou-me como mel e algodão doce.
Sorri também. Pensando bem, era um sorriso desconfiado, mas suplicante de saber e de sentir. É uma bruxa dos contos, repetia para comigo. Se fosse, estava a ir na cantiga, ali sentada à espera, como uma criança à espera da história antes da sesta.
Ela levantou-se, a agilidade já não me surpreendia, mas continuava a espantar-me. Voltou com um saquinho de veludo verde escuro, tão pequeno que cabia na palma da minha mão. Como um relâmpago, a melodia da "Viagem na palma da mão" ecoou na minha mente. Abanei a cabeça, tinha voltado a olhar para o saco de veludo...
- Abre-o. Tenho-o guardado para ti.
- Para mim - sussurrei e a voz parecia encher a sala do meu medo rouco e surdo.
Abri o saquinho. Para a minha mão deslizou uma madeixa de cabelo cor de laranja a reluzir. Terror puro. Tremia a minha mão, a minha alma, e o meu sangue gelou-me de verdade, nem falei, nenhuma palavra conseguia sair dos meus lábios, tantas eram as que me invadiam a cabeça. Devia era pedir-lhe explicações disto tudo! Mas ela antecipou-se, e começou a falar.
Falou e desfiou contos de um baú desde o princípio do mundo, de como tinha sido ver a Terra a fervilhar no meio de outras terras, de como tinha visto Deuses criarem homens e Homens a criar deuses, de como tinha visto sangue na mãos dos mais puros e amor na alma dos mais cruéis... Fiquei ali na minha quaresma, qual deserto onde se entra no oásis do Tempo. Dias, noites, horas, segundos e minutos não contavam, a ampulheta pairava suspensa por um fio invisível, sorrindo.
No fim, duas gotas rolaram-se da face, perderam-se nas rugas pinceladas pelo Criador, e deslizaram até ao chão, formando uma enorme poça. Um lago brilhante, onde se espelhavam figuras e formas de pessoas.
- Se olhares para esta nascente, vês o que escrevi para o teu futuro.
Fiquei paralisada. Todas as minhas dúvidas... vou chegar a velha? vou ser mãe? vou ser feliz? O corpo não obedecia à ordem que não lhe dava.
- Ou podes esquecer, e tomar a vida nas tuas mãos, para que eu chore só pelo que se passou de mau, e me alegre por te ver seguir o teu caminho, apesar da poeira fina da injustiça que se prende à carne e te entristece a alma.
Sabia que este tempo tinha chegado ao fim, era o tempo de partir, a ampulheta não esperava mais.


Voltei a acordar. Esta viagem ao templo da sábia e anciã Vida ainda estava fresca.
E voltei do outro lado do arco-íris.


No quentinho da distância

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No quentinho da distância onde não me encontro vou fazendo de conta que a noite só chega quando o sol se põe... Sei que assim não, que esta noite me faz pesar a respiração, como hoje de manhã, que só maldizia o pó e o frio, mas a falta de ar foi mais do que falta de ar, foi falta de vida.

E à noite... à noite fecho o Media Player, com revolta e incerteza dentro de mim. Porquê a distância? Porque tem de ser!? Não adianta perguntar, são só lamentos de mais uma no meio de tantos e tantas que não entendem, não compreendem (e verdadeiramente, nem é a compreensão que procuramos).

Tenho cicatrizes salgadas no meu corpo, que não saram, e queimam e ardem e matam-me. Feridas que me cobrem o corpo da alma e não se notam tanto quanto marcam. Está sol (só lá fora, aqui continua breu). Ainda bem, dá para usar óculos escuros. Sem eles o mais cego veria estas cicatrizes, este meio sorriso que de riso nada tem, é a esperança desesperançada de quem espera não sabe o quê.

Sou eu, diz o meu BI (a propósito, Doutora, tem de ser renovado), cinco nomes e duas partículas, mas não me vejo lá. A foto é minha, o nome é meu, mas por convenção, que isto é um ser humano, e eu um humano ser seria se soubesse onde está o meu SER. Dói-me a cabeça, e segue um comprimido, eu que nem costumo, a ver se pára esta dor, deviam era haver comprimidos para as dores de vida, mas que remédio senão viver, que morrer é para os fracos, e a minha fraqueza lá me dá forças, quanto mais não seja para viver um dia atrás do outro.

Fecho o Media Player, e o meu meio sorriso, é isso mesmo, meio. Mas sei que não voltarei a estas músicas que aprenderam a descrever-me, enquanto o arco-íris não for meu (seja lá isso o que for) e enquanto não deixar de ter fome de mousse.


Pausa

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Pausa para mim, de mim para mim, sem grandes explicações, que as palavras são como o fumo, soltam-se e desprendem-se de nós sem que as possamos reter, voltem cá, não me deixem...

Laranja Mecânica: És tão parva! Sempre a tentar agradar, onde pensas tu chegar? És gasta, não vais para além da simpatia superficial... ninguém te quer.

Laranjinha: Não, mas não posso ser só como tu, sempre a ser o que não sou, toda géniozinho da lâmpada fundida. Preciso que gostem de mim e que puxem pela simplicidade do sorriso, cúmplice no gesto fácil e da melodia anunciada nas estrelas!

Laranja Mecânica: E para quê, sua tonta? Que resultados tens tido? Nenhuns, tens uma carapaça de vidro que não serve, nunca serviu.

Laranjinha: Tu é que és a minha carapaça! Tu é que és tão frágil como eu... Achas mesmo que alguém te liga? Limitas-te a papaguear o que sabes que os outros querem ouvir. És lixo, és buraco, és falsa... Não és nada!

Laranja Mecânica: Pois sou. Tanto como tu! Mas a César o que de César é... sou tão mais que muitos outros, frágeis cacos como nós. Sou mais. Sou a falsidade que ilude, que serve enquanto não deixar que se aproximem.

Laranjinha: Só que eu quero que se aproximem!!! Nunca deixas!

Laranja Mecânica: Eu também quero, mas não consigo...

Dona aranha, nada disto faz sentido!!!


Eu para além de mim

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Eu para além de mim...


Passei o rio do meu arco-íris.
Estava do lado do Sol e fui parar à noite, o frio, o frio doía nos ossos. Estava um ar fino e limpo, uma luz da Lua trémula e distante, parda não, branca gélida sim. Da minha janela de cetim metálico procurei-o... a ver a lua e a mandar beijos por ela, estás a receber?
Ele não recebeu. A Lua fazia caretas que eu não compreendia, ora sorria ora ironizava a minha pequena presença. Luar de presença. É de noite, pois claro, e a Lua prega as partidas que bem entende, aproveita enquanto é dona e senhora dos destinos dos homens. Mulher, mulher como eu, a enganar-se, a enganar-me. Beleza fria e traiçoeira... Cara redonda, preta e branca, com sobrancelhas e pestanas desenhadas qual figura imaginária que o tem escondido na virtualidade impossível de quem não me espera.
O meu arco-íris solar ficou bem lá atrás...

Sejam agressivos, diz o meu papel cor de laranja. Aproveitem, acrescento eu ao desafio.
Repto mudo.
Sou muito boa nisto. Quem me rodeia na competição aprende, quem está acima aprova.
É no meio de livros e fotocópias ásperas que me liberto, que escolho o caminho que não quero. É a perversão de me saber acima dos outros e não querer querendo que reparem nisso. Sou um aborto, diria o mesmo Paulo que já citei. Não sou. Sou um génio. Também não.
Não sou nada e tenho tudo em mim.

Estou para além de mim...


Lados errados, novamente encalhada nesse sempre

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Tenho um certo jeito para pensar no autocarro. Não sei, não pensar quando não tenho nada para fazer não parece fazer parte de mim.



Sou um vidro que se quebra para ser saída de emergência. Foi a conclusão que cheguei. Já são muitas fugas para a frente, alguma coisa havia de aprender...
Sou urbana, não vivo sem o frenético, sem o ruge-ruge e o fumo, sem o ruído e a confusão.
Defino-me no que sei, e não quero pensar no que sei. Sei que o arco-íris me encontra no meio da cidade e que o cheiro da minha escola primária ainda me invade quando não espero, e que gosto de comer gelados no inverno. É meia noite e está frio.

Sei que este espaço já não é dele, porque ele não quer.

Ele era o tu. O meu tu, o ele. Mas agora já não. É ele. Podia dar-lhe um nome, um rosto, um pseudónimo, mas o que o descreve não encaixa, não serve. Traduzindo, dava "Pateta", mas o Pateta faz rir ou sorrir. E ele não. Faz sonhar e voar em filmes que não se traduzem porque não estão em português, nem noutra língua, estão na mudez e na nudez do que eu sinto. E ele não.

Não tenho palavras hoje. O rodopio que me envolve cala o ruído da TV, o martelar do teclado, por onde me saem pedaços de alma que ninguém visita - porque não quer ou porque não deixo.

Estou habituada à vida... mas à repetição da vida não me habituo. Não é a dor de não saber onde dói. Sei exactamente, com precisão cirúrgica... É a dor de saber onde dói, como dói... e que vai doer até à próxima nódoa negra. E a dor de saber que ele arde e cura, alivia e esfola.

Tem andado gente à minha procura.

Eu, por exemplo ...


Um crime à minha porta

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Estava a ouvir ... "quero não amar para não cair"
E reparei como é verdade ... és o meu criminoso.
Matas-me por bem (?) ou porque não me consegues encaixar nos teus passos vermelhos, brancos e violetas, sem nome.

É cansativo dormir e não dormir. Deitar-me de lado no quente do meu mundo e esfriar o sonho com lágrimas a escaparem-se porque tu não estás. E querer-te é o meu crime e a minha vítima sou eu mesma.

Sou o decalque a papel químico dos sonhos que não tens comigo.


Maltesers

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Offline ... off side ... off mood ... off mode

Passei pelo jardim das minhas memórias. Passei e passeei-me na dor e na mágoa espelhadas no reflexo do que vi. Vi uma cratera, qual estrela cadente que se desfez quando a sua rota se cruzou com a minha... aproximei-me, fiz o reconhecimento do que senti e cheirei nesse impacto de há anos atrás.

Nada

Continuei...
A viagem levou-me à estrela onde pensei que habitava. Mas as pedras coloridas tinham-se gasto de tanta gente entrar e sair - menos eu. Palavras a flutuar que não foram ouvidas por mais ninguém, porque as leis da física não deixam e a distância não se desfez.

Nada na caixa de correio dos afectos, só velhas cartas devolvidas ao remetente, e o arco-íris a esgarçar-se em teias fiadas que não percebi se eram cintilantes por serem feitas de estrelas ou se as minhas lágrimas doces e salgadas me enganavam os olhos e o coração.
Coração reconfortado com chocolate quente e pepitas de Maltesers ...


Avanços e recuos

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Aconteceu...
Estava velha e ressequida como as árvores no inverno e no verão, ansiosas por uma nuvem ou uma brisa anunciadoras da chuva salvadora que lhes dá vida. E os caminhos eram sempre iguais, as mesmas pedras, os mesmos passos que iam dar aos sítios gastos de sempre. Foi quando descobri que os sítios onde voltamos já não são os mesmos... e que ganhamos uma nova vida, um sopro estranho de calor humano quando regressamos aonde já fomos sombra parda e esquecida.



Estive com os meus putos (nem são meus e já não são putos, mas o hábito tem mais força do que eu, e confesso que é um termo carinhoso que não me apetece descurar). Foi como voltar ao passado, mas agora é diferente... Eu sou uma deles, estou no meio dos meus. Acarinhada, abraçada e reconfortada. Ouvida e escutada.
É estranho... pus pedras no caminho errado, usei bilhetes para viagens que não sabia onde terminavam. Arriscar não é perder, é tentar.


Viajar pelos caminhos de mim é extenuante. Mas preciso tanto de o fazer como necessito da luz do sol e da cinza da chuva para sorrir.


On track (and off again)

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Estou farta... "Benvindo" diz o teu atendedor de chamadas... "Benvindo"?
Benvindo onde? Estou cansada da voz irritante que escolheste para acolher quem te quer dar um toque, tocar não o telemóvel mas o coração.
Mas onde tenho eu a cabeça? Dar-te um toque? Ah ah oooh... onde é que isso já vai.... pois é, "não houve à luz do dia quem não tenha provado o travo amargo da melancolia". E, que eu saiba, sobreviveram.
Assim como eu. Passo sem mousse, sem ti, sem notícias tuas, mas vou-me apercebendo do quão ilusório tu és, tu foste, e continuarás a ser.
Eu tenho medo! Mas sei que o tenho, e tento confrontá-lo com a esperança que pensava que me davas, mas afinal era eu! Não és tu, não podes ser.
Gostar...
Gostar é a melhor forma de se ter... e assim te tenho, não a ti, que escolheste uma voz desconhecida para me frustrar quando te tento lembrar que existe aqui alguém, não a ti, mas ao efeito que tens, tiveste, em mim.
Gostar...
Até gosto de ti... nada mais. Se "o amor é isto e nada mais", então não gosto de ti!
Confuso? Não, não estarás, não vens cá, não te dignas a perder instantes preciosos da tua graça a leres o que te escrevo. Não pensas, não sentes, só temes...
"Já te perdias" não. Já te perdeste. Já te perdi. Ou não, não, nunca te perdi, porque nunca te tive...
Um riso ilustrado e tímido, uma pose descontraída no teu elemento, e está feito. És o Sr. Seguro, o Sr. Falso Seguro...
Prefiro à minha maneira... Dou-te o pior de mim, o frio lado lunar, e só assim sei se posso dar o melhor, aquele que não sabes, não conheces. Ao menos sou eu, ao menos não iludo, não dou falsas expectativas.
Crescias tanto se parasses para deixar de fingir por um segundo. Se te libertasses do medo. Se caísses e chorasses. Se não risses e sorrisses só.


Novo ano... Novo eu?

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Não sei se estou feliz ou não.
Chegou um novo ano, e é sempre altura de prometer e comprometer, e esquecer.

Não estou contigo, estou comigo. Quero-te, mas há quem me queira sem querer e sem eu querer.
E não saber o que esperar de ti, sem saber se pensas em mim, não dá.
Não dá.

Por favor
Se fazes favor
Faz-me um favor

Diz-me
Dá-me um sinal, um olhar, uma senha, porque já não sou eu que sou feita de gelo...


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