Remar, remar

0 gotas de arco-íris

Pergunto-me como é possível voar para tão longe. Rasgar um corpo e deixar a alma a flutuar num desdém quase enfadonho.
Soltar mãos que roçam as cordas e os cabos, estendidos com firmeza. Ásperos, rugosos, quase eternos.
É como entrar numa gruta, e entrar na gruta do que se esqueceu é como andar de bicicleta de braços a abraçar o sol. Nunca se esquece...
Fechar portas, nem sempre verdes, apagar, riscar, gastar borrachas indefesas contra cicatrizes.
Ouço o estalar dos passos. Mas não são os nossos passos, nem estas pegadas se parecem com as que sulcámos ao longo do caminho. E o caminho faz-se a andar, não era?
Parece que o tempo já se esgotou há tantos anos. Parece que já fui mais do que sou, e sou menos do que serei. Sou azul.
Mas éramos arco-íris a florescer, e somos cinza desfeita em sorrisos cordiais, mas vale mandar-nos à merda.
Ainda estou na quimera... em busca da ilha do tesouro. Abro as asas, rompo as nuvens e sugo toda a atmosfera na grandiosidade dos meus átomos.


Não gostamos de flores

0 gotas de arco-íris

... mas dançámos e esvoaçámos em jardins.
Nascemos, renascemos e desnascemos, inventámos mundos, cores, e pintámos o vermelho do meu verniz na planta do meu coração.

Saudade é o ar que vou sugando e aceitando. Partimos, voltámos, seguimos, e ataste-me a ti, rindo do meu rímel azul, enquanto me cobriste de vermelho. Sempre vermelho. Arrancámos sons de guitarras, de palmas, de mãos, de olhos fechados e dedos entrelaçados. Rimos, encostados nos ombros um do outro, e o fumo da saudade a apertar, um abraço feito ate já. Subimos e descemos escadas, sempre de mãos dadas, preparámos, conhecemos, provámos.
Eu fiquei. Tu ficaste, mas o norte ganhou-te e o sul fez-te estremecer, nessa saudade nua que usas para afinar as minhas lágrimas.

E hoje não és tu. És só uma data, quebraste os elos que nos uniram, vermelho, azul e laranja. Não te revejo, nessa caverna que pareces ser, e que já alberga mais alguém.
Hesito, e amargamente guardo essas palavras de Janeiro quente, dessa noite que não acabou, que aconteceu, e que se fez dança perdida.

E esperava ao menos que olhasses para trás.
Mas esvoaças apenas, leve, longe, breve. Levas o vermelho contigo, o sorriso que não é teu, e as mãos que perderam a sensibilidade. E sem olhar para trás, colhes as flores que sabes que magoam, que ferem, que cravam vermelho na minha pele. És um vidro trespassado em mim.


Achas mesmo que me esquecia?


Eu

0 gotas de arco-íris

... sou um arrastar de nadas. Corroída por dentro.
Rasgue-se a minha inteligência, dilacere-se toda a fibra de resistência, todo o fio de revolta e todos os meus braços abertos se apaguem para a escuridão que me consome.


... definho porque subsisto num subser. Num não ser. Sou um jogo de sombras que se desfaz porque não há vestígios de qualquer luz, nem pálida nem mortiça, só a escuridão.

Sou uma promessa que não pediu para o ser, que se desfez com o punho fechado, que se refaz na persistência estranha. Sou uma teia, enredo-me, distorço-me, esvaio-me, solidifico-me e ergo-me. Apenas em pó.

Sou o que resta quando nada resta em mim.


Procuro apenas ar, fresco, que me inunde. Ar, distância, lonjura, ferro, braços, tudos. Que apenas me deito a esquecer que o amanhã é o ontem disfarçado de calendário.


Sobre mim

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