É tempo

1 gotas de arco-íris

Ontem visitei a fotografia que tiraste.
Não tinha luz. Deixei-me estar, a adivinhar onde estarias, se da tua janela verias o pontinho que eu era.
Veio de mansinho, do meio das águas, pequenina, mas num ápice cresceu, envolta num capuz negro de cetim. Não a reconheci de imediato, por ser pequenina e efémera viajante. Mas não tive grandes dúvidas quando a sua mão gelada me arrancou do peito o coração. Era a solidão. Sempre a tinha imaginado como uma senhora de idade, como uma bruxa dos contos infantis. E afinal, mais se assemelhava a uma borboleta em permanente metamorfose. Entrou em mim e eu nela. Entrou em mim enquanto te adivinhava.
Fez-se viva ontem. A palavra adeus, que me consumia sem eu saber. Todos têm razão, menos nós. Qual nós? Nós não existimos. Nunca existimos. Chegamos ao fim da canção que não ouvimos. É tempo de outros caminhos, de outras sendas, que estas esfolaram-me a carne e o espírito, para nada. É com teu ego que sais, meu amor. Apenas com teu ego e restos de mim. Só com o teu ego e com o melhor de mim. Não vais perceber o que te escrevo. Nunca percebeste. Se o teu ego te serve...
Meu amor, amor só não nos chegou, mas nem isso tivemos. E é por isso que o adeus ganha força, porque só eu cá estive a fingir que éramos nós.
Merecemos mais. Não me perguntes nada, deixa o silêncio falar por mim, deixa ser agora a minha ausência a fazer-me sofrer. É tempo de o nós que não existiu se reduzir ao eu que ficou, depois.
Porque agora sou eu que visto um capuz negro e choro à beira mar enquanto repito para mim mesma que não vale a pena, nunca valeu, e que devia ter dado ouvidos a estas palavras enquanto estava a tempo.
Adeus


Em mim, dentro de mim

1 gotas de arco-íris

Plumas, são plumas coloridas. Amargas e doces, metálicas e duras. Envolvem-me em retalhos,que agora vejo que são restos de mim, do que fui ainda sem sabê-lo.
Estão em mim, são e renascem perpetuamente no meu ouvido.
Tento decifrá-las, esquadrinhá-las, sorver as entrelinhas ruidosamente. Piso a calçada, ou melhor, flutuo e danço nela, abro os braços, abraço o mundo, e nesse abraço de luz cabemos os dois.
E nesse abraço que não damos porque não somos mais que meros corpos infinitamente separados, as palavras ecoam e repetem-se até à exaustão que não chega. Defendem-se numa melodia que bebo e circula em mim, que me cega os olhos, me mata aos poucos nesta dança doce e cruel. Arrepia-me ouvir o que não me dizes, o que não te digo, o que os outros tentam dizer por nós. E flutuo colada ao chão onde me desequilibro.



Estou cega. Sou cega. Não preciso de te ver para te sentir em mim. Conheço-te de cor, cada palmo de pele, cada olhar fugaz e intangível, cada riso perdido. Sei-te sem te saber.
Cada voo que dás, é a mim que levas sem te aperceber. Cada manhã traz-me os teus olhos que não me vêem, as tuas mãos que não me tocam, os teus braços que não me seguram. Cada riso teu, sei-o de cor, na simplicidade que me tentas passar.
Tenho medo. Frio, ácido e penetrante, enquanto me descalço para me sentar no chão de nada a olhar o céu que não ousámos.
Ainda estás aqui? Não te vejo, estou cega, mas sei-te de cor, como nunca te soubeste, como nunca nos conheceste.
Não te quero puro e pálido e perfeito. Quero-te sujo, cansado, suado, revoltado, quero-te assim, quero-te verdadeiro.


A marioneta dos olhos tristes

0 gotas de arco-íris


Fecharam as luzes. Fim do espectáculo, fim do dia.
E é no escuro, no aveludado escuro que ela repousa enfim. A menina dos olhos tristes e cansados perdeu hoje a sua companhia. Uma boneca de madeira que a acompanhou nestas andanças de ser e fingir que se é. A sua alegria doce e o seu sorriso de criança vão atravessar o oceano e correr ao ar livre e quente de um outro continente.


No caminho de casa, sempre no caminho de casa, dispo-me da vergonha de chorar. Ouço a minha voz a repetir dormente as palavras que nunca disse. E uma saudade de ti, um caminho rumo ao vazio, junto à inércia em que me esgoto.

A marioneta dos olhos tristes está inerte. Um vento frio dança à sua volta, assobiando a plenos pulmões a solidão da madeira que apodrece só. As outras marionetas voltam as suas costas de madeira, e os seus braços de madeira cruzam-se no gesto exclusivo de quem não quer saber.
O frio dói-lhe. O choro que não sai dos seus olhos soluça dentro de si, aperta-a, sufoca-a, asfixia. Os fios de seda que a atam a si queimam, ardem, não em brasa salvífica, mas em dor e desumanidade.


Para quê, ainda me pergunto. Do nada vem a tua imagem, e uma fraqueza imensa de enfrentar a luz irrompe do silêncio tamborilado no vidro do autocarro. Lágrimas e chuva, só isso. Uma estrada deserta repleta de gente, onde não me perco porque não tenho para onde ir, o caminho não é por aqui, sei-o bem, mas é o fétido e putrefacto hábito de regressar ao que não tenho e não sou.

Abafada, a marioneta dos olhos tristes gela. A estrela da companhia, fingindo fingir os papéis que lhe dão, a princesa, a salvadora, a companheira, a amiga, a boa fada, a garota feita mulher. E na luz da ribalta, nessa luz cega que cega, esvai-se de si.
Mas a miragem de ser nunca se cumpriu. O querer soltar-se destes fios brilhantes e doces, traiçoeiros, o voar acima da tenda que a prende e impede de ver as estrelas que aponta nos seus sonhos, essa é uma realidade que as suas mãos de madeira, os seus pés de madeira ligados às suas pernas de madeira, os seus trapos que cobrem pudicamente uma madeira sem sentido, nunca experimentarão.
Apodrecerá. Os fios e trapos, a madeira, toda ela aprodecerá.
Só os olhos, e essas lágrimas que fazem brilhar esses olhos castanhos, lhe dão a réstia de humanidade que nunca terá. Nunca, e o nunca é tão grande e imenso, como um oceano de nadas. Como todo o tempo. Como toda a vida que não tem porque não vive, e que não age porque não se move, não comanda esses fios que agora lhe parecem teias de aranha prestes a envolvê-la.

A vida é a perder, contra as teorias de que tudo se transforma e tudo se renova. Perder sonhos, amizades, ilusões, sorrisos, carinhos.
E perco-me de mim.
No silêncio astuto de mim, vou perdendo as lágrimas e as memórias escritas com fios prateados que puxo no azul dourado da espera. No sorriso ausente, perco a contagem da ampulheta que não espera por ninguém.
Perdi hoje.
E a manhã não vai mais ser clara, o riso não vai soar a pássaros, o olhar não vai esconder doces mágicos. Não. Porque estou mais só. Porque hoje cresceu em mim a dor da distância, não a do medo, mas a dos rios e dos oceanos, e do quente deserto que veio para me gelar o coração que só existe para nada encontrar, e aí tentar encontrar-se.
Sou um fio. Sou uma marioneta. Sou um pedaço de nada a nada esconder.


Espaço

1 gotas de arco-íris

Este espaço não é teu.
Eu quis, eu tentei, eu dei-to. Queria ter sabido partilhá-lo contigo. Queria ter-to oferecido já que nada mais te posso dar que não te assuste.
Prefiro pensar que é o teu medo e a tua facilidade que nos separam. Prefiro saber-nos distantes mas juntos numa tela que não pintamos, num livro que não escrevemos.
Mas, mas, mas...
Esse receio enjoado de quem diz e pensa e quer e no fundo não sabe o que faz, essa meia verdade fingida, toda essa tua carapaça me afasta de ti.
Não é por não te querer. É precisamente por isso.
Estou cansada. Estou aqui, sempre aqui, à beira mar enquanto voas por aí sem que te pergunte onde estiveste, sei que não és fácil de agarrar, que prender-te as asas é matar-te aos poucos. E não te quero matar, meu amor.
Estou exausta da nossa vida que não o é. Queria ensinar-te e aprender-te, desenhar-te um risco nas costas com o meu dedo enquanto dormisses. Quis tudo isso e muito mais.
Mas não sei o que queres de mim.
Não sei o que vês em mim que te afasta, que te impele para trás, te suga de mim como se fosse um buraco negro de ausência quando somos luz e sombra que não se amaram pelo medo de ver o mundo a nascer de novo.
Sentes?
Enquanto te encontras nas palavras fáceis, perco-te. Enquanto te enrolas num mármore perfeito e estático, vais soltando as minhas amarras, que atei com tanto cuidado.
Não vês. Se a ponta dos meus dedos fosse o que te pudesse dar, verias o que sou. E o que não sou. Sou um barco à deriva. Sou a lua que enche as minhas noites.
Não sou. Se há coisa que não sou é a nuvem que escolhes. É o pedestal em que não me ponho. Sei que sou mais. Sei que tens medo. Mas o não veres, o não leres, o não perguntares, o nada que me dás.
Esse nada, esse tudo que me tiras, essa ferida que não me deixas cicatrizar. Não te consigo dar a outra mão. Meu amor, de ti espero tudo. De mim, espera tudo. Menos que perdoe a tua indiferença. A tua facilidade cobarde. Porque te amo. Mas não me deixas dizê-lo, fazê-lo, escrevê-lo. E estou cansada de lutar com o teu medo.
Este espaço não é teu.


Qualquer coisa impossível fez-me acreditar

0 gotas de arco-íris

Estou perto, acho eu.
É como se te sentisse ao meu lado quando julgo que adormeço, quando tudo é son(h)o e confusão.

Tudo é relativo, e a tua distância é relativa, porque se espreitar por cima do ombro, é a tua sombra que encontro reflectida no espelho, e não a minha.
E à noite fica tudo distorcido e confuso e a minha memória trai-me sem que eu disso me recorde na manhã seguinte.
Sonho que a palavra adeus se tornou viva nos meus lábios, e sei que assim não o é. Sonho que voltas e me dizes que tudo vai ficar bem, e desperto no quente do meu sal e os meus rios correm para ti.
E vou desenhando o meu sonho, ou ele vai-se desenhando sozinho, num jogo de possíveis e prováveis onde não sei como ganhar(-te). No meio do nada, continuas a abraçar-me como se cá estivesses. E estás, e nada mais importa. Não te vejo, mas sinto-te no olhar que desvio, é mais seguro ver o frio do chão que a incerteza do teu sorriso.
Enquanto não sei se durmo, digo-te muitas coisas, muitas letras que formam palavras e frases desconexas que fazem sentido nesse sal. Que ganham vida à luz da lua. Que sabem a chocolate quente e soam como o teu riso quando não estou contigo.
De manhã não me lembro delas. Ficaram escondidas no lençol, negras como a noite, e a noite não é negra, é branca, é cheia de ti e morre sem ti. E o dia claro e cheio de luz traz-me de volta ao mundo onde sou o que todos vêem, às palavras que fazem sentido sem querer dizer nada.
É a minha noite que te estendo, como se fosse um caminho de terra e pedras e ervas secas.
Sei onde esse caminho vai dar... a um lugar qualquer, um qualquer sítio onde possamos ir, com céu azul, com maçãs e flores e areia. Vejo-o de cada vez que te ouço. Sinto-o de cada vez que pensas em mim. Vivo lá, mudei-me para lá, e só estou à tua espera.
Sonho-te. Sonho-me. Sonho-nos.
Continuo a ser quem sou, e começo agora a saber quem sou.
~~ Ao som de I miss you dos Incubus ~~
~~ A ouvir Estrela do Mar de Jorge Palma ~~


E agora? É fácil

2 gotas de arco-íris


É fácil.
Estive a não pensar. Para minha admiração, e se calhar para tua também, foi mais fácil do que pensei. Fácil. Essa palavra que descreve o teu sorriso e a tua ausência.
Fácil, repetidamente fácil.
E o que não pensei foi precisamente essa dormência das palavras que não lês nem vês nem ouves nem sentes. Porque não são fáceis de dizer nem de perceber nem de responder. E não deve ser nada fácil para ti abrires mão desse medo de não ser.
Até é fácil não ser, mais fácil do que nos afogarmos em palavras que não entendemos. É fácil amar e ser amado, lembras? Pois, é mais fácil falar do que fazer. Não faz mal.
É tão fácil voltar as costas e é ainda mais fácil sorrir e pensar que se sorri de verdade.
É tão, tão fácil entrar no corpo e na alma da pessoa para quem nada é fácil.
E é tão assustadoramente fácil esconder tudo o que sentimos.
É porque tu és fácil e para ti é fácil, que é fácil para mim escrever-te isto. Porque é fácil adivinhar que não vens cá. Porque é fácil prever que, ainda que viesses, não perderias o teu tempo facilmente ocupável a leres ou a perceberes o que é tão simples de dizer.
Mas eu não sou fácil de entender. Não sou fácil de confiar. Não tenho o teu sorriso fácil.
Mas também não sinto esse medo fácil de cair, não, não tenho a necessidade fácil de sorrir facilmente.
Adivinho o que farás quando te encontrar. Conversa fácil. É isso que somos os dois, facilidade sem sal nem rumo.


Passos divergentes

0 gotas de arco-íris

Estou como D. Quixote.
O meu arco-íris desbota dia após dia.

Fujo não sei do quê e vou não sei para onde.
Saber sei ... não há passos divergentes para quem se quer encontrar. Mas os meus passos tremem no caminho, e o frio cá dentro contrasta com o calor que me sua a pele.

Não quero ir por aqui.
Não quero ir a lado nenhum sem saber se vais comigo.
Não dou um passo enquanto não souber que continuas a ser o meu chão, por mais longe que eu pareça estar.

E é precisamente por isso que me deixas cair ...


Fome de mais

1 gotas de arco-íris

Sem dúvida que tenho fome de mais.
O pior, meu amor?
É saber que não vale a pena...

Como disse --> aqui.

Ainda assim, nem por um segundo largo a mão da perfeição do teu desenho. Até quando?


De que fujo, a que regresso?

0 gotas de arco-íris


Gostava de dizer que hoje o dia foi bom... que o passeio à beira mar soube a ar de Verão antecipado, que as crianças que me rodearam me rejuvenesceram o corpo e a alma, e que bebi dos seus sorrisos como se fossem fontes de água brilhante e límpida.
Queria dizer que a saudade desfeita num abraço forte adiado há meses me encheu o coração e o sorriso que fiz era tão genuíno como esse gesto de amizade que aguardei ansiosa ... que o carinho que recebi me fez forte e sólida como as raízes de uma árvore em plena floresta frondosa de um verde sem fim.
Gostava também de ter sentido realmente o sol a beijar-me a pele e a dizer-me que estava tudo bem. De ter olhado o rio, como faço tantas e tantas vezes, e sentir-me transportada para outro espaço, além do horizonte, leve como uma pluma colorida a raiar o céu em mil cores ainda por inventar.
De ter encontrado nos olhos que me procuravam os olhos que procurei sabendo que não estavam lá. De ter estendido a mão enquanto no meu colo me chamavam "mãe".
Queria dizer que o dia fez sentido como há muito não fazia. Que o tempo passou a voar em nuvens que me escaparam sem ter dado conta. Que me ter perdido por ruas e cidades desconhecidas alimentou a minha fome de aventura e novidade, como sempre fazia, como se explorasse novos mundos em mim.
Gostava de dizer, e queria sentir que o dia tinha sido feliz.
Mas não posso. Não gosto de mentir, muito menos a mim mesma.
(e por isso vou mergulhar no meu trabalho)



Não escrevo posts por encomenda. Esta será a excepção que confirmará a regra. Está devidamente assinalada assim. Quem estiver habituado ao que costumo escrever, é favor passar à frente, para a segunda parte do post, também devidamente assinalado, mas de uma outra cor.

DOMINGO
Tenho um bilhete na carteira. De futebol. Até aqui nada estranho. Ora aproximemos o bilhete e vemos que lá está SLB, e não SCP. O que raio fez isto na minha mão? Boa pergunta. Ora vou explicar...
Domingo à tarde. Podre, como podre tenho andando não interessam tanto as razões como os factos. Depois de fechar os olhos porque três horas de sono não apagam os efeitos acumulados de sono, stress e o resto que tem servido para compensar, depois disto, sento-me ao computador, pronta para mergulhar no raio do trabalho que me andava a esvair a cabeça e os neurónios.
Nem dois minutos, garanto, e a proposta: queres ir ver o Benfica? Se isto fosse o messenger, era dois pontos O. Ok, pondera, motivos para ir: sais de casa, vês a bola, voltas à Luz, onde não vais há ano e meio, e, claro, convidaram-te para ir. Contras: o Benfica joga à mesma hora que o Sporting, e eu não sou benfiquista, a Luz estará cheia de lampiões a gritar por tudo o que é lado, a tua companhia é benfiquista, não vendem cerveja com álcool na Luz, o que raio vais tu lá fazer, quando estás com as pessoas te baralhas toda e nunca abres a boca para dizer algo digno de registo ... muito menos quando tens sono.
Pesadas as razões e contradições, toca a levantar, calçar os primeiros ténis que me aparecerem à frente do nariz, encomendar o relato via SMS do jogo do Sporting, e siga. Caminho para lá: sono, muito sono, só pensava em não adormecer (má onda). Não me lembro de grande coisa do caminho. Sei que passámos perto da casa de pessoas conhecidas, mas como o resto das pessoas não fazia a mínima ideia quem eram, não valia a pena estar a dizer "Ali mora A e ali mora B".
Entrar no estádio. Bom, não foi novidade, tenho de reconhecer que tem os degraus mais baixos do que o estádio de Alvalade, e isso é bom. Estava, como sempre, era preciso não me conhecer, meio a tentar orientar-me, porque de cada vez que entro no estádio a entrada é diferente e o sítio onde fico também. E eu não sou do Benfica, convém não esquecer. Momento grande: olhar para o relvado pela primeira vez. Bate. Mexe. Sinto-me pequenina no meio do estádio. Passou rápido, foi só sentar-me no meio de um mar vermelho. Às tantas nem era o futebol que me cativava, era ver como aquela multidão toda lá estava, sim, bigodes à taxista incluidos, numa só voz num só corpo. Mas isso eu já sabia. Tenho olhos na cara, que olham, mas também vêem. E também torci pelo Benfica quando joga na Europa.
Bem, joga aqui, joga ali, os pormenores não interessam. Golo do Benfica. Cinquenta e uma mil e tal pessoas de pé, o estádio todo ... todo não, eu fiquei sentadinha a apreciar o espectáculo. De referir que o Sporting também estava a ganhar, dois pontos parêntesis direito.
Intervalo. Já estava meio acordada, jogos a meio da tarde têm este efeito, estava meio, mas só meio acordada. Intervalo é o tempo do cigarro e da cerveja. Cerveja, só havia sem álcool (já a seguir). E tabaco, enfim, havia mas fez-se como se não houvesse. Sem tabaco, sem cerveja... o que raio faço no intervalo, além de ver sketches humorísticos anti-sportinguistas? Observo. É o que faço melhor. Olho, e vejo. E deixo-me estar. Estou bem, sinto-me bem ali.
Reconheço, a entrada do Karagounis arrancou-me uns momentos de simpatia. Já disse num post (muito) anterior que tinha tentado sentir as coisas do outro lado. Não dá. Não deu. Porque o coração continua a ter razões que a razão desconhece. Mas também porque referirem-se aos sportinguistas como algo mau, nojento, asqueroso, e digno de ser usado para insultar o árbitro, não me inspira propriamente simpatia.
Fim do jogo. O Sporting ganhou. O Benfica também. O sol ainda dava alguma luz. Mares de gente, eu a falar ao telemóvel, o telemóvel a lembrar-me que a aliança terapêutica se relaciona diferencialmente com a satisfação do cliente e com os resultados. Pois, o trabalho que tinha deixado no computador devia estar a rir-se de e para mim.
Chegar a casa pelo caminho mais estranho para fazer. Foi bom, deu para acordar. E para sentir que tinha sido bom ver o jogo.
Mesmo que fosse o do Benfica, ou sobretudo porque foi o do Benfica.
* * * * * * * * * * *
DIREITO A OPOSIÇÃO
Eis a descrição de um fim de tarde diferente, com gente diferente, com eu diferente. Sabes que não fui ver o jogo só pelo jogo. Sabes que foi mais importante para mim o sol, o ar, o rir-me, o stressar-me, o ambiente, a história. Não foi só o jogo. Sabes que o que vivi aí foi o que escrevi no post antes deste. Sim, estas palavras de que me devia curar, como disseste. E sabendo tudo isto, pediste-me para escrever sobre o jogo. Pediste-me para escrever sobre como tinha deixado o meu coração num lado e o meu corpo no outro. O jogo, um jogo. Sabes que já tinha visto o Benfica jogar com o Porto e vim de lá eufórica, não tenho nada a provar-te. E sabendo tudo isto, ou tendo sabido e já esquecido, pediste-me para escrever sobre o jogo que fui ver.
Olhas, mas não vês. Lês, mas não me lês.
Dois pontos, parêntesis esquerdo.


E em segredo se diz (novo crime à minha porta)

0 gotas de arco-íris

Apercebo-me que não vale a pena tentar não vir cá.
Estranho, como é estranho sorrir enquanto escrevo isto. Eu, o cúmulo da teimosia e da obstinação, delicadamente disfarçada de persistência. Eu, a admitir que me mudas quando é essa mudança que tememos. É tão mais fácil quando estamos longe, e não temos de nos ver e pensar no que vemos e no que os outros vêem. E se eu digo algo errado? É tão fácil errar quando não se pensa, sente-se e o sentimento é do tamanho do mundo. Ou maior.

E eu muda. Muda, mas a dizer-te tanta coisa.
Sim, não te disse quase nada. Mas tu disseste tudo mesmo sem teres dito nada. Roubo-te a desculpa, porque acredito em tudo o que me disseste no teu segredo silencioso e escondido.

Não te disse nada. Estive lá, apenas isso. E o sol, aquele sol pálido e ténue que me encheu o coração com uma luz tão viva e quente. Ou não, acho que foste mesmo tu. E eu estava lá. E tu estavas lá. E não dissémos nada. Mas trocámos tanta coisa em segredo. Li-te e escrevi-te enquanto me olhavas.


Guardei-te.
(só me lembrava deste título, misturado entre uma música de Ornatos Violeta e uma que ainda hoje me arrepia,
... és o azul do beijo, que jaz escondido, e em segredo se diz ...)


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