Estou perto, acho eu.
É como se te sentisse ao meu lado quando julgo que adormeço, quando tudo é son(h)o e confusão.
Tudo é relativo, e a tua distância é relativa, porque se espreitar por cima do ombro, é a tua sombra que encontro reflectida no espelho, e não a minha. E à noite fica tudo distorcido e confuso e a minha memória trai-me sem que eu disso me recorde na manhã seguinte.
Sonho que a palavra adeus se tornou viva nos meus lábios, e sei que assim não o é. Sonho que voltas e me dizes que tudo vai ficar bem, e desperto no quente do meu sal e os meus rios correm para ti.
E vou desenhando o meu sonho, ou ele vai-se desenhando sozinho, num jogo de possíveis e prováveis onde não sei como ganhar(-te). No meio do nada, continuas a abraçar-me como se cá estivesses. E estás, e nada mais importa. Não te vejo, mas sinto-te no olhar que desvio, é mais seguro ver o frio do chão que a incerteza do teu sorriso.
Enquanto não sei se durmo, digo-te muitas coisas, muitas letras que formam palavras e frases desconexas que fazem sentido nesse sal. Que ganham vida à luz da lua. Que sabem a chocolate quente e soam como o teu riso quando não estou contigo.
De manhã não me lembro delas. Ficaram escondidas no lençol, negras como a noite, e a noite não é negra, é branca, é cheia de ti e morre sem ti. E o dia claro e cheio de luz traz-me de volta ao mundo onde sou o que todos vêem, às palavras que fazem sentido sem querer dizer nada.
É a minha noite que te estendo, como se fosse um caminho de terra e pedras e ervas secas.
Sei onde esse caminho vai dar... a um lugar qualquer, um qualquer sítio onde possamos ir, com céu azul, com maçãs e flores e areia. Vejo-o de cada vez que te ouço. Sinto-o de cada vez que pensas em mim. Vivo lá, mudei-me para lá, e só estou à tua espera.
Sonho-te. Sonho-me. Sonho-nos.
Continuo a ser quem sou, e começo agora a saber quem sou.
~~ Ao som de I miss you dos Incubus ~~
~~ A ouvir Estrela do Mar de Jorge Palma ~~
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