Breathing room

1 gotas de arco-íris

Tantas coisas que gostaria de transpor das sinapses para as palavras. Queria dizer-te que o sorriso que me roubas mo devolves todas as horas em que te desenho. Era para te dizer o quão longe viajo na palma da mãos quando os meus dedos roçam de mansinho o teu sorriso. Queria contar-te da fragilidade, da pureza e do céu quase cor-de-rosa. Das pétalas inebriantes e dos pedacinhos de vidro. Das madrugadas e das canções. De tudo aquilo que compõe organicamente o que cá dentro cresce e se orienta para ti, como os girassóis. Queria dizer-te que quase me apetece roubar-te as palavras, forçar-te a garganta, agarrar-te as mãos. Deixa-me ficar... só um instante, deixa-me abrir-te o luar das tuas mãos, deixa-me saborear a tua presença, deixa-me aprender a linguagem do teu olhar, deixa-me tudo isso. Quero-te tudo isso. Quero-te dentro do teu sorriso, quero voar dentro do teu sorriso, ser o espelho e o reverso, ser a luz e a escuridão, as metades e os gomos. Perscrutar-te a alma e o corpo, saber-te de cor, de olhos fechados, escrever-te em cada linha que se aproximar dos meus dedos, sonhar-te em cada sono meu, embalar-te em cada sono teu. Quero-te tudo isso. Sim, tudo isso, e tudo mais que não consiga ainda saber. Que sejas o meu super-herói de capa e espada, mas sem a capa e sem a espada, só preciso que tenhas medo, como eu tenho medo, que tenhas dor e lágrimas, sangue e sal, ferro e fogo. Que sejas tão pouco como tanto que és.
Queria contar-te como já imaginei o toque da tua mão na minha mil vezes, sempre diferentes. Como já inventei o teu riso fechado no meu quarto escuro, como já estudei cada ângulo do teu olhar, cada entoação da tua voz profunda. Quis-te tudo isso. 


E sem querer, quase te contei como acredito ...


Como se tu fosses eu

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Desfez-se em fiapos. Nem lhe vi bem o rosto, mas reconheci-a assim que me tocou no ombro. Levei a mão ao bolso e senti o seu sorriso traquinas de regresso. Sorriso que não cheguei a ver, mas ouvi. Assim que a tentei tirar do bolso, desfez-se em fiapos de nuvens e pó. Agora passa a estar escondida nas ombreiras e nas palavras. Esconde-se na madeira das portas e nas frinchas, abre as asas quando passo e fala-me ao ouvido tão baixinho que só a ouço dentro de mim: só te espero quando não me procurares. És um aperto fundo cá dentro, um nó górdio que ainda não aprendi. E só me apareces em dias de acordes menores perfeitos. Dias frios e plenos de brilho. Quase tristes, quase perfeitos, quase indizíveis.
Ela riu-se e disse baixinho, tão murmurante como etérea, não és tu, sou eu. Fechei o corpo e fugi. Sou muitas numa só, só quando compreenderes que o sumo da romã é mais forte que o vermelho do meu ventre, me poderás ter.

E neste momento, abri as asas. Fechei-te a porta de vidro, escondi-me dentro de mim enquanto caibo na garganta que se prende e se alucina. Desamo-te e desato-me. Fecho-te a porta sem nunca a ter aberto. Sento-me e espero a luz da noite, aquela onde os teus olhos cansados brilham sem que to possa dizer. Não quero esperar, não quero o percurso todo, queria-te já, para darmos as mãos no arco-íris e voarmos em cada átomo de espaço. Não te espero mais. Digo-me fêmea, mulher feita, menina feita mulher. Fecho-te a porta, entrego-te o nó. Fabrica tu peças interiores de corpos. Tudo bem, eu vejo alguém acordado, alguém a sonhar. E vejo-te a duvidar. 


[A ouvir ->] Jorge Palma, Disse Fêmea


Umbigos

0 gotas de arco-íris

É ao acordar que mais temo a mudança. Mas é quando acordo que o cheiro da manhã quente passada na terra perfeita dos olhos fechados mais se torna presente.
Levanto-me com a certeza de um dia azul, repleto de tonalidades puras. Escorro o sono pelos ombros, visto-me de cores interiores também elas perfeitas. Não exagero no baton e confio no meu sorriso, uso o meu rímel once upon a time, deixo o ouro envelhecer no meu cabelo, e abraço o dia.
Só me mata a rotina, só me inquietam as perguntas que não faço e as respostas que não me dão. Fala-se demasiado alto... quando não vos quero ouvir.
Lembra-me de ti, esta infinitude. E perco-me neste receio de ser menos do que um infinitésimo em ti.

 


2 textos

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ERA UMA VEZ ... um rascunho agradecido

Ontem não consegui adormecer. Ontem não me saía da cabeça o porquê de insistir em vir aqui. Este "aqui" é quase tudo, sendo apenas nada, efectivamente é um nada.
Lembrei-me da história deste espaço. 27 de Novembro de 2005, e um desafio num diálogo, porque não escreves um blog? Porque não? E assim começou este espaço.
Inicialmente dedicados a alguém que nunca consegui explicar porque se tornou tão importante na minha vida, estes pedacinhos de estrelas devem-lhe muito. E eu também.
É a ele que se deve a minha única ida ao estádio da Luz para ver o SLB, é a ele que se deve a minha paixão por Ornatos Violeta e derivados. Em última análise, apesar do nada que fomos, é a ele que devo muita coisa do que sou hoje, e assim é das pessoas por quem mais tenho carinho, e que sempre me há-de deixar com um brilhozinho nos olhos. Apeteceu-me pôr isto por escrito. Não que alguém o vá ler. Mas porque acho que ele merece.
Hoje tudo é muito diferente. Este espaço ganhou alma própria e não depende dele, não é para ele. Tornou-se maior e diferente, por aqui passaram as histórias de mais abraços e mãos, de mais olhares. Mas nenhum pode ocupar este lugar de honra.
Se quem diz que escreve para si é mentiroso, então aceito o rótulo. Escrevo de mim para outro eu. Como as cadeiras vazias, onde podemos sentar fragmentos de nós em discussão libertadora. Não é suposto haver uma resposta universal. Apenas um início. E um fim.

(rascunhado mentalmente enquanto o sono não se deitou ao meu lado
numa noite que não voltarei a esquecer)




TIRA-ME DE MIM, VÁ, TIRA-ME DE MIM!

Erro sempre o alvo da minha ira. E esbarro sempre nas paredes das meias intenções. E calo, consinto, e volto a cara. Fujo.
Ora bem, ouçam bem: estou farta. Enojam-me as vergonhas e as vaidades, os falsos sorrisos e os meios entendimentos. Sou o que sou. Basta de vírgulas assadas e interrogações. Chega de voltar a cara e ficar a pensar no que terei feito de mal. Não fiz nada de mal, apenas deixo cair a palavra e espero retribuição. Se o silêncio é paga desonesta, então calo-me eu agora. E cerro os lábios para não esbofetear a ausência dissimulada. Se fragmentos de sorrisos vos servem, se meias palavras vos bastam, se olhares bucólicos vos guardam, se distâncias platónicas vos aquecem, a mim não! Nada me basta, tudo o que quero hei-de ter. Gritarei a plenos pulmões a largura da minha alma, e ver-vos-ei, insignificantes, a suspirar por uma nuvem como a minha. Volátil. Frágil, mas capaz de destronar reis e imperadores deste e outro mundo. Tenho tudo em mim, apenas não vos mostro. Serei tudo. E vocês, serão nada. Arrastar-se-ão na lama, sufocarão, e serão esse nada que já foi tudo para mim...

(do you know that
every time you're near
everybody else seems far away?
so can you come
and make them disappear,
make them disappear
and we can stay)


Come and make it alright

0 gotas de arco-íris

Havias de vir tu pela beira da estrada, espalhando algo que não consegui ver o que era. Sei que soube a chuva quando te deixei, e que a chuva trouxe pedaços de ti em cada gota.

A certa altura, o percurso fez-se maior, fez-se espera, quente a pele, já que o frio me apunhala os ossos. Como se a pele pudesse dar nós. Como se eu pudesse ser mais.
Rasgar o pano do céu como se de papel simplesmente se tratasse. E conseguisse eu ferver o céu apenas para tirar de lá as estrelas, para nelas me resguardar num vácuo indolor. E pudesse eu pagar de outra forma. Diga-se que tentei distorcer o raio da distância, numa fórmula matemática que ignoro até hoje, dizem que somas subtraídas são algo complexas, e quem sou eu, que sei eu?

Dormente, aguardo. Presa nocturna, seria este o meu elemento não fosses tu. A espera, a minha espera, torna-se fera. Grades de papel e jaulas de gritos. Cerradas na distância. No escuro e no silêncio. De verdade que não me ouves?

Gosto do frio e da chuva como se por eles me pudesse enamorar. Não me ferem mais do que isso.
Não podias ser mais ninguém?


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  • De eu vim de outra esfera
  • pessoa pensante cheia de ideias e dúvidas
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