Teria sido assim

3 gotas de arco-íris

Devagar
se o vento não mudar
vou dar até sentir
que há uma razão para crer
que é bem melhor existir
não sei
não vejo luz em mim
tão pouco em mais alguém
só quis tocar o céu
não quero mal a ninguém
eu sei
diz-te a canção do medo
vê se um dia o tempo nos traz
mas perde a noção do tempo
quando eu amo é sempre devagar.


Mas não foi
(esta teria sido a letra de uma música do 3º álbum de Ornatos Violeta, mas também não foi)


Na palma da minha mão

1 gotas de arco-íris

...
Porque nunca a amei
Porque nunca a quis ver
Só nunca quis ver este sol a morrer
Mas faltou-me o ar que não respirei

Sem tirar os pés do chão, voo bem longe na tua miragem.
Sem nunca tirar os pés do chão, vejo os países que visitamos apenas nos sonhos que partilhamos sem saber. Colo as fotografias que tirámos sem ter lá estado, e vejo-me a sorrir.
É pena não veres o meu sorriso hoje. Nem as minhas mãos, onde cabes sem saber.


Fugir para

1 gotas de arco-íris

É um verde estranho.
Não me abandona este verde de ontem. Fugaz, preso nas árvores que se curvavam à minha passagem, chamando-me, Fica, sem sucesso.
É o meu verde do meu caminho. Um dos meus caminhos. O que me leva onde todos sabem que sou intangível, mera quimera por equiparar.
É o meu verde, e foi ele quem me trouxe a paz da serenidade e da humildade pequenina e frágil de mim.
Não fiquei. Queria não ter fugido dessa liberdade imensa que é o ar que me rodeia sem que eu o sinta na pele, Sente, mas senti-me tão mais pequena na sua presença.

A morte saiu à rua num dia assim ... o pintor morreu.

Mas renasce quando amo essa liberdade que me prende a nós.


Nascente

0 gotas de arco-íris


Está frio aqui, tanto frio.

É estranho, é tão estranho acordar e ver o sol nascer. E sorrir porque sim. E ver que as nuvens me saudam fofas e frescas, quentes e densas.
E apesar de o sol nascer quando menos esperava, apesar de poder sentir na minha pele o calor da sua falta imensa, apesar de termos dito as palavras que não dizemos nunca, apesar de haver de novo calor nesta nova estrela acabada de nascer, apesar de saberes a pipocas feitas em casa, apesar de voares alto no meu céu, apesar de estares dentro da minha taça, apesar de ser bom, tão bom meu amor, apesar de tudo isso ...
Está frio ...
Porque é quando menos esperamos que tudo acontece. E se renasceste agora, meu amor, eu morri. Não para ti, não por ti. Preciso que me ajudes a renascer também. Porque ao fim destes anos a ser o melhor que sou, me mataram pelas costas por um pedaço de papel esborratado! Não foste tu ...
De ti, meu amor, sei que posso esperar que me faças viver de novo. Vamos nascer de novo?


Azul de tanta coisa

3 gotas de arco-íris


A minha sombra desfaz-se de mim ...
O dia claro, as cores vivas, toda a alegria fere-me os olhos e os sentidos. O cheiro a chocolate, o cheiro a mãos dadas e a beijos enjoa-me hoje.
Sangro-me de mim e de ti. Em verdade te digo que já te senti mais do que te senti hoje. Em verdade te confesso que a tua ausência me vai doendo menos, porque parece que nunca nos conhecemos.
Estou a aprender a pintar. Estou a pintar um céu onde só cabem as cores que me apetecem, e hoje apetece-me o azul.
A minha pele é azul, a minha boca é azul, o meu cabelo é azul. Só o meu coração esverdeia a tela. E os meus olhos. São castanhos.
Já não te pinto, meu amor. Está um buraco queimado no teu lugar. Não era preciso teres deitado fogo à tua imagem em mim. Mas a tua fúria deu um toque de génio fugaz a este quadro.
Estamos desbotados, mas ficámos bem. Eu de azul e tu de cor nenhuma.
Eu de mar, e tu de nada.
Eu de ti, e tu de mim.
Sorri, meu amor. Fizemos a nossa primeira obra conjunta. É azul, para não nos melindrarmos.


untitled

0 gotas de arco-íris

... hoje choro ...

(é triste ver como o que digo, o que faço, o que penso, o que anuncio, o que sinto, são tão tão pequenos e ínfimos perante a tua dor ... é estranho saber que sofro quando tu sofres tanto tanto mais ... e cada lágrima que hoje me arrancaste foi por ti e por mim, por saber que não sou merecedora da esperança que me trazes)
Acredito que hoje sou melhor, que, afogando-me na minha compaixão, renasço.

É noite de lua cheia, e a solidão teimosa e casmurra hoje não me dói. Obrigada!


Despedidas desnecessárias

0 gotas de arco-íris

Nunca foram o meu forte.
Nunca foram o meu fraco.
Não gosto da sensação definitiva de virar as costas e partir para além do que consigo imaginar.
Por isso não vou partir.

Vou serenar e beber de outras fontes. Vou voltar a mim. E por isso estou sempre aqui.
Este post não é para ser percebido. Sou eu a justificar-me da traição que ia fazer a mim mesma.

Vivemos no tempo dos assassinos...


O meu chão

0 gotas de arco-íris

Sigo as pegadas ... e vejo-te lá.

O chão que pisas sou eu ... e segues indiferentemente. Saudade, não devias existir. Desejo, cala-te hoje, que não fazes aqui nada a não ser afundares-me nas tuas areias movediças errantes.

Quando começámos a lutar, Saudade? Quando entraste por aqui munida das imagens e das palavras que não quis guardar? Porque não te deixaste ficar na areia do deserto mudo onde tudo fica imutável e perene?

Travo amargo e doce, o dia mau com um lado claro, e eu perdida a olhar as estrelas surdas de mim. Saudade, o teu nome faz-me estremecer. Queria que visitasses a tua sombra, para veres de que és feita, de como és feita de pequenos nadas que já foram tudo. São só coisas, é quase viver, é quase estar bem.

Saudade, a tua irmã Solidão está aqui. O espaço que ocupas não requer a tua presença, podes sair pela porta do fundo.

Ouço ... as palavras que não te digo Saudade, não te mostro Solidão, e não te sussurro, Desejo, porque me atraiçoam como a entrega que não se deu. Fechem os olhos, adormeçam... Dêem-me o espaço, devolvam-me o ar. Deixem-me respirar, e desabafar no escuro do que não somos.


*******************
Dá notícias do fundo
Como passam teus dias
Diz se a razão nos chega para viver
Se amor nos serve
Amor não dá de comer
Fico melhor assim
Em todo o caso vai pensando em mim

Se tocámos em alguma coisa
Se me chamas por algum motivo
Se nos podem ver
Se nos podem tocar

Meu desejo
É morrer na paz do teu beijo
Sem futuro
É lutar por um beijo mais puro

Eu vou estar sempre aqui
Nada vai mudar
Sinto-te arder no meu fundo
Eu vou estar sempre aqui
Nada vai mudar
Sinto-te entrar no meu mundo
Fundo

Nós tocámos em algumas coisas
Nós seguimos por alguns sentidos
Se nos podem ver
Não nos podem tocar

Meu desejo
É morrer na paz do teu beijo
Sem futuro
É lutar por um beijo mais puro
Ornatos Violeta - Notícias do Fundo
*******************


Espelhos não são uma boa metáfora ...

2 gotas de arco-íris


Naquele cantinho da minha janela ainda guardo os amores-perfeitos que teimam em não morrer como seria de esperar. Persistem e fogem à realidade que lhes estaria destinada.
Vou escutando. O vento vai-se lamentando, a chuva vai escorrendo entre as casas e as ruas meio desertas de alma. Sou eu a chuva.
Mas é bom. Tenho pensado como é bom sentir o sal das nossas lágrimas, porque elas são a prova viva que existimos num dado momento do tempo e do espaço.
Mesmo no sofrimento há beleza. No pior dos ardores pode haver algo de belo. Não a beleza tradicional dos contos de fada, mas o toque da vida a passar por nós e a chamar, a desafiar... há tanto para ver, para sentir, para desesperar.
Naquele cantinho da minha janela, a cidade dorme. Fervilha de movimento, mas dorme porque não vive - arrasta-se, sobrevive, melhor subvive. Eu estou acordada. Dolorosamente, mas pacificamente acordada. E é bom...
Escrevo cartas à minha romã, a contar-lhe das maravilhas de ver para além do espelho. Ela não acredita em mim, responde que no espelho vemos a verdade.
Não. Nem por isso. Estamos sempre a mudar, e é o nosso reflexo que é real, e não tanto o espelho onde o vemos.
É o meu cantinho. Sem rancores nem pudores, sem espera nem desespero. Sem cor nem luz, sem sombra nem escuridão, sem vida nem solidão. Sem nada e sem falta de nada.
Existe. Existo. Não existimos, mas existimos antes de nós.


Voltando

0 gotas de arco-íris

Tem sido difícil não vir cá e despejar letras atrás de letras que formam palavras e frases cheias do meu sentido.
Escrevo hoje, porque antes não quis, e ontem foi dia das mentiras. Dia das mentiras é sempre de desconfiar. Para mim não, já me chegam as que finjo não contar no meu dia a dia. Mas não fossem haver dúvidas...
De qualquer forma, sabe bem regressar ao meu espaço invísivel à vista de todos. É bom, como bom é saber que continua a fazer sentido para mim.


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Chegámos ao fim da canção
E paro um pouco pra dormir
É tarde pra voltarmos atrás
Já nem há motivo algum para rir
É como ouvir alguém dizer
Vê nessa procura
Uma razão
Pra virar a dor para dentro
Que é virar o amor para dentro
Falo de um amar para dentro
Que é virar a dor para dentro
Eu vou dizer até me ouvir
A dor chegou para ficar
Eu vou parar quando eu sentir
Não haver motivo algum pra negar
É como ouvir alguém dizer
Vê nessa procura
Uma razão
Pra virar a dor para dentro
Que é virar o amor para dentro
Falo de um amar para dentro
Que é virar a dor para dentro
Chegámos ao fim da canção
E paro um pouco pra dormir
Fim da canção - Ornatos Violeta


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Encosto a minha cabeça no teu ombro amigo. Tinha tantas saudades tuas, e esqueci-me quase de como é bom ter-te ao meu lado. Vais morrer em breve. Como sempre. Que vergonha, lembrar-me de ti sempre com dias e meses de atraso. Como consegues não me virar as costas e ir embora? A linguagem serena e simples com que me confortas é um esperanto, onde todas as músicas, todas as melodias que me encantam chamam por ti.

Estás fora de moda. O teu amor está fora de moda. Mas és o meu porto seguro, a tua mão a minha âncora firme, onde me salvas quando me afogo no turbilhão das minhas tempestades.
E agora que me lembro que vais morrer, às minhas mãos, escondo a cara, que escorre vergonha de mim, do meu ser noutros dias.
Não desanimo unicamente porque não me deixas, porque me sorris, confiante. Claro como água, confias em mim tanto quanto confias em ti. E eu confio no teu amor. Dás-me sentido, como nada neste mundo que não é o teu.

É por ti que me apetece navegar, deixar esta praia de restos e partir. Encontrar-te à beira mar, afagando as águas do meu choro, e tranquilizando os meus olhos com a tua paz. Nada mais importa, nada mais me magoa, tudo espero e tudo suporto, porque estou contigo.
Encosto a minha cabeça no teu ombro. Descanso, deixo-me ser.


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