Espero ao menos que olhes para trás (...)

1 gotas de arco-íris

Bebo dessa distância como se me envenenasse lentamente. Releio e repenso as palavras que nos azedaram, e nessa altura despeço-te.
Por pouco tempo, muito pouco tempo ...

Então transformo-te, por alquimia de sentimentos, por poções antigas e sabedorias que em mim não encerro. Aplico um pouco de voodoo que nunca ensaiei, a ver se consigo despegar-te de mim. Arrancar-te furiosamente, a ti, às tuas palavras, a tudo de ti. Até restar apenas um emaranhado de fios finos e fracos, frágeis como eram quando éramos o que não fomos.
Amarroto-te, como um papel usado, uma folha em branco onde não inscrevi uma palavra, uma gota de sal, um sorriso, um pôr-de-sol, nada, apenas o branco e as linhas azuis cheias de "ses" que não escolhemos. Acto contínuo, tento alisar-te, fazer com que voltes a ser a folha em branco cheia de possibilidades improváveis. Acto contínuo, acto de desespero. Acto de nada. Passivo. E em ternura te enlaço. Te corto. Te queimo. Te tiro esse sorriso e o desenho a lápis de cor na minha pele. Para recomeçar tudo de novo.

... deito um olhar ao copo, onde a distância tremeluz, cinzenta e fosca, com rasgos de sangue e fios de choro. Veneno. Seja. O que foi tem de ser, não é (amor)?


É tão estranho ...

0 gotas de arco-íris

Não falei que é certo
Só que existe em nós
Em meu desejo sim eu vou
Em nosso medo eu volto
Não adianta vamos ser sempre nós
Voltas a pensar isso é estranho
Como é estranho ver nosso amor mudar
Voltas a pensar isso é estranho
Como é estranho ver nosso amor mudar
Como é estranho ver nosso amor mudar
Como é estranho ver nosso amor mudar
É o nosso amor a mudar
Sente o nosso amor a mudar
Qualquer passo é bom pra cair
Isso é só alguém a falar
(Nosso amor.
Prepara uma bela sopa
De manhã filho meu tem de se tratar bem)

Não falei que é certo
Só que existe em nós
É o meu desejo e sim eu vou
Em nosso medo eu volto
Não adianta vamos ser sempre nós
Voltas a pensar isso é estranho
Como é estranho ver nosso amor mudar
Voltas a pensar isso é estranho
Como é estranho ver nosso amor mudar
Como é estranho ver nosso amor mudar
Como é estranho ver nosso amor mudar

É o nosso amor a mudar
Sente o nosso amor a mudar
Qualquer passo é bom para cair
Isso é só alguém a falar
Não falei que é certo
Só que existe em nós
É meu desejo sim eu vou
Em nosso medo volto
Não adianta vamos ser sempre nós
Voltas a pensar isso é estranho
Como é estranho ver nosso amor mudar
Voltas a pensar isso é estranho
Como é estranho ver nosso amor mudar
Como é estranho ver nosso amor mudar
Como é estranho ver nosso amor mudar
É a nossa voz a dizer
Mesmo se um dos corpos negar
Nosso tempo acaba de ser
Teve o nosso amor de mudar
Sente o nosso amor a mudar
Sente o nosso amor…
Sente o nosso corpo tremer
Vendo a nova estrela a brilhar
Qualquer sol aprende a nascer
É o nosso amor a mudar
É o nosso medo: poder respirar

Supernada - Nova Estrela

*********

Numa mão pouco cheia de passos, desabas em mim com a frescura da manhã e o sorriso a puxar-me, sempre me puxaste tanto, tão suave como irresistivelmente. És doce. Numa mão cheia de poucos passos desabo sem ti, com o azedume a ferver-me no rosto e a saudade a tirar fotografias para depois revelar quando menos esperar. Sou amarga.
Mas não posso, meu amor. Não posso nem posso querer dar-te tréguas. Ofereci-te um aceno de cabeça dissimulado em resposta às tuas palavras. Nada mais restou.


*suspiro*

1 gotas de arco-íris

Atam-me as mãos, e tenho uma mordaça invisível a prender-me as asas. Tenho um peso na tua consciência. Tenho um esgar de dor quando desvio os olhos para te ver sabendo que nada encontro. Há apenas o sôfrego arfar da continuidade, do não parar.
Quero dormir para não acordar igual ... mudar de rosto, de cor, de nome, de mim. Levo-me às costas, arrasto-me e rasgo-me enquanto brincas aos heróis de pintar.
A chuva não vem. O sol está quente demais e definho. Apago-me, primeiro um braço, depois outro, até os meus olhos nada serem senão um buraco esborratado na página de um livro que afinal não passa de rascunho defeituoso. Como eu. Não deixo qualquer traço do que fui. Diluo-me imersa na multidão a que não pertenço.
Estou fria e baça, mortiça, indiferente, amarga. E crua.
Não há luar, não há brilho fora daqui onde me possa reflectir, não há calor, não há nada senão a imensidão do desespero que me sufoca, me dilacera e encerra num casulo perverso. Não me encontro, estou dispersa numa lista telefónica ordenada por sentimentos e não me encontro. É ténue a fronteira das definições para o que te chamo em delírio febril. Apetece-me esbofetear-te violentamente, marcar-te o rosto com as cicatrizes que transporto invisíveis, esmagar-te a indiferença, romper-te a apatia fácil rasgando-te a pele, derrotando o teu sorriso. Apetece-me enroscar no teu abraço, mas convenço-me de que és um réptil virulento, quebrar-me-ias os ossos até me reduzires a pó, e eu pó já sou, pó de nada, pó de estrada, pó de pisada.
Volto à minha concha, desiludo-me quase um pouco mais ... mato-me mais um bocadinho ferrugento, já que não conseguiste acabar o serviço. Perdi a cor, perdi a força e o brilho que te roubei. Só não te perdi, porque o que não existe não tem fim.
Sinto-me um guindaste tombado, sem nenhum valor facial ou comercial, estou presa ao mim que está preso a ti. Tira-me esse sorriso da frente, essa cara de quem nada esconde quando não sabes mostrar-te.
Desaparece!
~~~~~~~~~~
Hoje é o teu dia, caso não saibas ...


Flutuo ...

0 gotas de arco-íris

Sim.
Flutuo leve em passos que não dou, e se os dou nem roço as pedras da calçada. Quase que voo, quase que sonho, quase que sou mais do que este mero corpo. Quase me vejo a pairar entre os cacos do mundo estilhaçados em gritos arranhados, puxados à força das gargantas sem voz.
Nada vejo, nada ouço, apenas o toque, essa brisa meiga que me faz levitar, dócil sem que a sinta verdadeiramente. É etérea, nada mais que um momento, e quando me volto para a buscar, para a prender na mão, para a guardar um pouco mais, preciso de um pouco mais, já ela não está, e quase duvido que tenha estado comigo, quase receio, quase tremo.
E sou um conjunto de quases, que desafiam a gravidade, mas essa física é para quem se sabe tangível. Não para mim.

Dói-me. Ainda.


Aspas

0 gotas de arco-íris

Nos punhais que me cravam habitualmente encontro uma dor familiar. Uma dor que reconhece a fraqueza de uma esperança afogada em torrentes de dúvidas e desfasamentos.
É cruel saber o bem que faz o silêncio quando as palavras são meras letras desordenadas e parcas em significância. Podiam ser números que não as sentiria menos. Podiam ser pintadas a ouro que não gostaria mais delas. Antes a mudez.

Mas não a tua mudez, não as tuas palavras. As tuas fazem-me bem. Leio-me quando as leio. Num espírito atormentado e genial, a tua doçura é refrescante. Se a noite te vela, expandes-te, se te protege, banhas o luar das palavras com retalhos de luz feitos som puro e escrita que apetece tocar, pegar e embrulhar para guardar junto ao peito.
És tanta coisa. Dás tanta coisa ... não me lembro se alguma vez te disse. Digo agora. Porque és tu, e me apetece. Apenas isso.

para B



Estou verdadeiramente perdida, e o caminho segue desfocado à minha frente.

Sou um ser que despreza e espreita por cima do ombro enquanto se afasta dos outros que nada me dizem e ficam em silêncio. Recuso-me a sangrar em frente ao muro nu onde espelharam o que não sou, e nem sei se fui um dia. Também ao olhar para trás o caminho se desfoca. Devo-me ter perdido algures, e agora só me sinto arrastada para a frente e sei que não sei se é por aí quero ir. Também não quero a alternativa.

Consegues conter um sorriso que te rasga o coração? Ou suster uma lágrima de saudade do que nunca tiveste? Consegues calar quando os teus olhos querem gritar? Desviar os olhos quando o pensamento se mantém firme em linha recta até onde não deveria ir? Consegues empurrar o sopro que te quis abraçar? Ou pagar o preço da mudez? Mostrar a cara como estandarte recto das lágrimas que não sentes? Consegues? És capaz?
É que eu não sou ...


Desconcertas-me

2 gotas de arco-íris

Vem rastejar, que te faz bem, vem ver o nada que restou
Implora porquês que não vou responder prova o silêncio de nós
Geme a chorar, que te faz bem, em paredes que nunca esconderam
Sangra o teu mundo só para eu ver o que de ti nunca agarrei
Afoga-te em tudo o que não queres ter, o que de mim te quis dar
Que é só o que te vou mostrar o espelho onde não reconheceste
Vou fazer-te só o que não queres ser, o que nem eu quis ser
E vais gostar... sem tentar
Quero-te assim... quero-te assim
Sacrifica o teu ar, que te faz bem, deixa-me respirar
Sufoca entre panos vestidos de azul e procura-me onde não me vês
Tortura os teus olhos para veres bem, que eu fiquei aqui
Que arranhas a voz em tosses sem som sem me chamares
Afoga-te em águas e cores de lua pela noite que nos viu
Sente o céu a quebrar! a quebrar
Desfaço-te em tudo o que é teu o que quis nosso
E vais-me amar... sem saberes

Quero-te assim... Quis-te assim...
Só para mim
para mim
Só quando o sol te comer a pele enquanto desapareço de ti
E o luar te roer a alma enquanto te dispo de mim
Na lama que te arranca as asas hás-de ver o que não sentiste.
Quando fores ave amarrada sem rumo
Vais voar no meu céu negro! onde te perderes
Vais ser nada...
aprende o nada
nada... nada... nada... depois do tudo que não foste

Vem rastejar, que te faz bem, Eu já tropecei demais
Sangra o teu mundo, que te faz bem cai tu agora...
(eu avisei, quase te pedi para não voltares)


Talvez confiar ...

1 gotas de arco-íris


Reduzo-me. Há momentos em que a magia é avassaladora, quase me esmaga na sua força e potencial, quase me cega na sua beleza que não consigo transpor, que de indizível que é não se esgota em palavras. Pelo menos nas minhas. Sei-o e sinto-o.
E num abraço quente que não se deu, saber que ao meu lado, sem o estar, a noite teve coragem de se fazer dia claro e deixar-se ficar. Entoou canções e sorrisos para mim, para o que tenho dentro do coração, para os que tenho dentro do coração.

Sem frio aqui. Sem medo ... sem rancor ... a luz chega quando menos esperamos. Fugaz, sim, efémera, sim, mas faz-me acreditar que a vida é um sonho para alcançar, é o gesto repetido de estender a mão para tocar o infinito azul. E quando a luz vem de noite os sonhos chegam, de mansinho, tocam levemente no meu ombro para eu acordar ...
Sou eu, sim. Aprendi a gostar da palavra sim, porque me faz sorrir mesmo quando dói, mesmo quando quer dizer não. Enredei-me nas palavras, e encontrei o sítio onde as mãos se dão, sem se tocarem, sem que seja preciso saber ou dizer mais, nada mais do que o toque das mãos.
Talvez confiar… Talvez confiar e esperar um dia sem dor. Talvez um dia acreditar que será possível irmos embora daqui, para dentro de mim.


(escrito de dia com um grande sorriso)


Sentidos figurados

0 gotas de arco-íris

Não acredito em coincidências.

Páro de respirar quando passo pelos teus caminhos. Pela tua rua. Pelo teu carro. Pela tua janela. Quase te adivinho, já te adivinhei ... sem esforço. Nenhum. Há muito que o sal não me surpreendia as maçãs ... tempo demais, meu caro? Tempo de menos, talvez. Tempo, aquele que não sabe nada, tempo, que me traz os esboços que fiz em sonhos despertos. E que se encarregará de os apagar. Porque eu não sei como se tiram as nódoas de sal, muito menos do meu, muito menos de cá de dentro.
Escrevo de noite o que te disse baixinho durante o dia, sem tu saberes ou sequer me concederes milímetros fugazes no teu espaço. Pela noite, devagarinho. A conta-gotas. Pinga o tempo, recordo. Não me esqueço, é o mal de quem gosta de memorizar e recordar as tatuagens a sangue frio das palavras que se perderam.
Palavras. Sorrio. É com elas que te combato. Com as tuas. Porque à dor de não poder fazer mais nada que desenhar-te no ar, junto a dor das tuas palavras. Secas, mordazes, frias, infantis, desinteressadas, egoístas. Ao sal junto o sangue da minha queda. Ao sal. Brindemos, meu caro. Secaste-me.

Tu és uma mensagem funesta sob um disfarce pardo de coincidência.


Sou

2 gotas de arco-íris

Sou um edifício complexo, com portas e janelas de vidro e aço, forjadas a sorrisos frágeis e mãos fechadas a tentar segurar o que nunca lá esteve. Das portas conheço o que se esconde nos buracos das fechaduras, imagino a paisagem que se estende lá fora, sem nunca chegar a transpor a porta.
Sou as escadas onde tropeço, as escadas onde me sento com a cabeça segurada entre as mãos, a ganhar fôlego para construir um novo andar de mim.
Sou as paredes nuas sem ornamentos, onde me encosto para sentir algo contra o meu corpo, sou o frio que passa para fora. Sou o frio.
Sou as janelas da mentira, que reflectem um mundo que não conheço e onde não nasci. Sou o parapeito de onde me desequilibro e ganho medo de não voar. Teço os corredores para quem entrar em mim se perder nos recantos obscuros e contraditórios que sou.
Sou a telha que me impede de sentir o ar, não sinto o ar na cara, não ouço nada, só cá dentro, cá dentro o ruído que faço ao movimentar-me, para não me perder de mim. Sou os interruptores que só ligam a luz quando me esqueço que a escuridão faz bem ao nada que sou. E quando a luz inunda as salas, apresso-me a chamar as estrelas, para serem elas a iluminar os meus traços de engenharia humana inexacta.
Sou uma prisão, de que que fujo, a que regresso
Pluto


A coisa forte

4 gotas de arco-íris

Transformar o fraco em coisa forte ... e assim fiz. Com algumas canelas esfoladas e umas quantas nódoas negras, daquelas que cada um de nós tem de tratar por sua conta e risco. Mas fico de pé, morro de pé, como as árvores.

~~~
Estranhamente, não sou eu que fujo de mim ...


Tempos mortos

0 gotas de arco-íris

Aos tropeções, rastejo entre tropeções e defeitos feitos de nada a enfeitarem brilhantes o meu corpo que não se vê.
Deixei a porta aberta ... mas do lado de fora ninguém espreita, e a madeira range entre os arranhões que lhe faço, quero ficar, quis que ficasses ... não ficámos, não fomos, nada ... e habituei-me ao nada que me trazias.

Adivinho na noite o que trazes, as mãos que enlaças ao dormir, tranquilo e contente, nesse sorriso que não se desfaz, e que desfez o meu. E enquanto passas por mim, de azul e olhos luzidios, sinto-te escorregar no passado que só nos quis bem, no esquecimento que agora nos convém.

Sei que a porta escancarada não verá a tua visita. Sei que não mais a noite trará. E doo-me por acreditar no contrário. E posso dizê-lo, gritá-lo e quase que o posso escrever no teu nariz, que não o lerás. Grito-me, rasgo-me, quase me esvaio só para te pôr porta fora, quase que me esqueço que nunca aqui entraste, quase nem me lembro que saíste antes ainda de teres entrado. Eu a querer que ficasses, mas o fim diferente, só eu tombei no frio da noite.
Só um nome, é tudo o que de mim parece restar. E daí? Tanto faz, tanto nos fez.
Dói, sim, e a noite tanto me traz sorrisos como me crava sonos despertos quando preciso descansar da tua ausência.
Estou cansada de aspirar os estilhaços de me teres quebrado, cansada das lágrimas que me roem quando começo a acreditar que a porta se vai fechar. Não mudei, nem um milímetro me afasto do meu caminho, não me importa se nos cruzamos, já nos cruzámos e descruzámos tantas outras vezes antes. Mas antes, antes quis crer que tudo se renova, agora não sei, nada sei, apenas espero vir a saber.
Não quero, mas quero, saber apenas como te olhas no espelho? O que vês? Porque não te vejo nem te reconheço ...


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