Tempos mortos
Em 03 julho 2006 choveram pedacinhos de Green Tea | E-mail this post
Aos tropeções, rastejo entre tropeções e defeitos feitos de nada a enfeitarem brilhantes o meu corpo que não se vê.
Deixei a porta aberta ... mas do lado de fora ninguém espreita, e a madeira range entre os arranhões que lhe faço, quero ficar, quis que ficasses ... não ficámos, não fomos, nada ... e habituei-me ao nada que me trazias.
Adivinho na noite o que trazes, as mãos que enlaças ao dormir, tranquilo e contente, nesse sorriso que não se desfaz, e que desfez o meu. E enquanto passas por mim, de azul e olhos luzidios, sinto-te escorregar no passado que só nos quis bem, no esquecimento que agora nos convém.Sei que a porta escancarada não verá a tua visita. Sei que não mais a noite trará. E doo-me por acreditar no contrário. E posso dizê-lo, gritá-lo e quase que o posso escrever no teu nariz, que não o lerás. Grito-me, rasgo-me, quase me esvaio só para te pôr porta fora, quase que me esqueço que nunca aqui entraste, quase nem me lembro que saíste antes ainda de teres entrado. Eu a querer que ficasses, mas o fim diferente, só eu tombei no frio da noite.
Só um nome, é tudo o que de mim parece restar. E daí? Tanto faz, tanto nos fez.
Dói, sim, e a noite tanto me traz sorrisos como me crava sonos despertos quando preciso descansar da tua ausência.
Estou cansada de aspirar os estilhaços de me teres quebrado, cansada das lágrimas que me roem quando começo a acreditar que a porta se vai fechar. Não mudei, nem um milímetro me afasto do meu caminho, não me importa se nos cruzamos, já nos cruzámos e descruzámos tantas outras vezes antes. Mas antes, antes quis crer que tudo se renova, agora não sei, nada sei, apenas espero vir a saber.
Não quero, mas quero, saber apenas como te olhas no espelho? O que vês? Porque não te vejo nem te reconheço ...
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