Uma chaga para lembrar que há um fim ...Não me vêm outras palavras à mão, nem ao corpo, nem ao espírito.
Frio, faz muito frio aqui, e as tuas palavras são punhais de gelo que cravas despreocupadamente no meu peito.
É hoje, mato-te hoje, a sangue frio. Já decidi.
Hoje acaba, terminas em mim, sais de mim. Receio que a minha dor esteja a ganhar forma, a crescer e a tornar-se um furacão de sentimentos menos doces. O último segredo antes do ódio, antes da vingança escorrer em sangue vivo de mim.
Já me mataste tantas vezes que também mereço arranhar-te um pouco. Dar-te a provar um qualquer travo amargo, que não será o da solidão, não será nada que tenhas conhecido, porque hoje vi. Não me conheces.
Se me conhecesses ...
Saberias que é frágil a linha que desenhei a vara de negrilho entre o que amo e o que solto de mim, num suspiro moribundo, num parto renascido, numa soma de chagas que nunca te contei.
Saberias que memorizei cada segundo de ti na minha mão, na folha que nunca leste, e que cada segundo de ti foi um segundo mais longe de mim.
Porque é assim que sou. Feia. Má. Revoltada. Uma fúria por domar. Destruição. Um nada cheio de nada porque o tudo que tinha reconstruido se esvaiu em ti. E restou esse nada negro e gigante que se apodera de mim.
Foge. Um conselho de quem te amou.
Porque se cá voltares, nada restará.
0 Gotas que choveram em “Fim”
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