Ontem visitei a fotografia que tiraste.
Não tinha luz. Deixei-me estar, a adivinhar onde estarias, se da tua janela verias o pontinho que eu era.
Veio de mansinho, do meio das águas, pequenina, mas num ápice cresceu, envolta num capuz negro de cetim. Não a reconheci de imediato, por ser pequenina e efémera viajante. Mas não tive grandes dúvidas quando a sua mão gelada me arrancou do peito o coração. Era a solidão. Sempre a tinha imaginado como uma senhora de idade, como uma bruxa dos contos infantis. E afinal, mais se assemelhava a uma borboleta em permanente metamorfose. Entrou em mim e eu nela. Entrou em mim enquanto te adivinhava.
Fez-se viva ontem. A palavra adeus, que me consumia sem eu saber. Todos têm razão, menos nós. Qual nós? Nós não existimos. Nunca existimos. Chegamos ao fim da canção que não ouvimos. É tempo de outros caminhos, de outras sendas, que estas esfolaram-me a carne e o espírito, para nada. É com teu ego que sais, meu amor. Apenas com teu ego e restos de mim. Só com o teu ego e com o melhor de mim. Não vais perceber o que te escrevo. Nunca percebeste. Se o teu ego te serve...
Meu amor, amor só não nos chegou, mas nem isso tivemos. E é por isso que o adeus ganha força, porque só eu cá estive a fingir que éramos nós.
Merecemos mais. Não me perguntes nada, deixa o silêncio falar por mim, deixa ser agora a minha ausência a fazer-me sofrer. É tempo de o nós que não existiu se reduzir ao eu que ficou, depois.
Porque agora sou eu que visto um capuz negro e choro à beira mar enquanto repito para mim mesma que não vale a pena, nunca valeu, e que devia ter dado ouvidos a estas palavras enquanto estava a tempo.
Adeus
Mt bonito, mm q mt triste. mt bem escrito..com pinceladas d ornatos e toranja num paragrafo
beijinhos e 'olá'
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