Parece que ...

1 gotas de arco-íris

... só nos dão asas para podermos apreciar a beleza dura da queda ...
... só descubro o ardor da fuga quando envelheço ...
... a mão que mordo é a certa ...
Há um ano dizia que se me somavam dias. Hoje somam-se-me cicatrizes sem sal e trapézios sem rede, quedas imensas e um abraço. Fugaz. Dura o tempo apenas necessário para que o possa sentir e recordar num sempre que não se repetirá.


Schiuu ...

0 gotas de arco-íris

Um ano. Trezentos e sessenta e cinco dias. Três seis cinco. Não podia haver melhor dia para recomeçar sem pensar, para abraçar sem temer. Sem chocolate, mas com saudade antecipada. Sem minis, mas com cartões de visita.

Estou de parabéns. Duplos. Por ter amado. E por gostar(-te).



Só me rasgo porque te deixo.
Só me fere a tua lágrima por não a ter sabido esperar.
Por ter esquecido o que me pediste para não lembrar.
Pesas-me. Entristeces-me com as nuvens
que chovem na minha alma
por não seres tu neste abraço.
~ ainda me abrigo nas tuas palavras
à espera que me perdoes do que não tenho culpa ~


Aqui ...

2 gotas de arco-íris

Aqui dispo-me e sangro. Quase que não choro. Sinto o calor no chão, há passos que me seguem sem eu ver. Há rostos que me olham, e eu apenas os espreito num disfarçado abraço que diz tudo sem nada se ouvir.
Estou segura, quieta, abraçada, quente e enroscada num silêncio que existe só para que me lembre bem de ti.


É aqui que venho para morrer e renascer, é aqui que as minhas mãos ficam, aqui os meus olhos dormem, as minhas palavras nascem, os meus beijos regressam ao ventre de toda a loucura que é o amor. E eu não sei. Sorrio porque só sei sorrir, escapa-me tudo o resto, morde-me a dor de me ver partir ainda antes de chegar, ainda antes de pousar o teu calor em mim e eu me sentir viva de novo.


Levanto-me, é tarde, parece que a vida que vivo se dilui quando aqui não estou. Queima, mas assim sei que vivo noutro espaço que não este, em passos e jardins que já me disseram tanto e agora se desfazem na memória, desfoco-os à tua procura ...


Aqui a minha mão fica quieta, à espera de outra.


Mais do mesmo

3 gotas de arco-íris

Descubro-me em padrões repetitivos. Só quero o que não posso ter. Só quero o que não quero realmente. Sou uma incoerência dentro de parêntesis rectos à procura de uma qualquer curva em comum.

Perpetuo-me na certeza do que não será. E brinco e jogo como se fosse a criança que sou. E escondo-me na mantinha de retalhos que alguém teceu com muito amor e ingenuidade. Porque sou mais que essa criança encerrada num corpo de mulher. Combato o medo com o ás destemido, e espero para ver. Para saber. Engendro nova jogada, e aposto-me na roleta cinzenta. Alguém grita o meu nome, perdi.

Nunca haveria forma de ganhar pois não?


Aguarela

2 gotas de arco-íris

Escorreram ... esvairam-se .. perdi-as.
Onde estão agora as tuas chuvas, meu anjo? As tuas asas, que me elevavam ao teu sorriso sem eu pedir ou sequer pensar?

Caíste ... ironicamente, meu anjo, após os meus esforços homicidas, não fui eu que te matei. Morreste assim, quase tão devagar que foi demasiado célere para a minha compreensão. Nem te vejo no teu sítio de sempre no meu coração, na tua nuvem de algodão na palma da minha mão, escondida entre os vincos da pele.

Não está vaga a tua cadeira. Está cheia de mim. E de mãos unidas. Trazem novas cores e olhares ao meu dia e à noite que era nossa. Pintam de cheiros brilhantes o meu olhar sereno. Amo, meu anjo, mas não a ti. Sorri. Estarei sempre aqui. A ver-te de longe, a abrir as asas e voar. Talvez seja outra forma de te amar, que não dói nem mata.
Aqui, meu anjo, só chega quem não tem medo de naufragar ...


O meu lado esquerdo

6 gotas de arco-íris


Encontrar sorrisos.
Beijar lágrimas.
Fazer cócegas no nariz.
Enrolar os dedos no cabelo.
Cheirar o sal da tua mágoa e descobrir o perfume do teu olhar.


Devia ser mais fácil abrir os braços e cair para ti. Devia ter percebido que amar é perder-te porque cativar-te seria prender-te. Amar-te é sorrir-te de pertinho, aquecer as mãos nas tuas e deixar-te voar.
Perdi-te amor quando te encontrei ...


E o silêncio, aqui tão perto

0 gotas de arco-íris

Resta-me apenas encolher os ombros, beber o vinho, cuspi-lo violentamente para o chão, e fechar a janela. Fechar a porta.
Sentir o quase vazio chegar colado ao vento brando. Fechar um cadeado e ter a coragem de o não voltar a abrir.

Dizem que as cicatrizes são bonitas pelo que nos gravam na memória e na pele de que somos feitos. Se assim for, guardo estas. E as outras. No silêncio invísivel e inexplicável que nos rodeia. No silêncio adivinho a despreocupação. Outrora doía sem ferir, agora fere sem doer, tanta a dormência que me envolve. Sinto as mãos à volta do pescoço do coração, mas sei que não são tuas. Sou só eu a tentar calar-te no meio do teu silêncio.
Deixo cair o copo, estilhaçado em todas as direcções que acabam por ir dar a ti. Ínfimos restos de castelos construídos enquanto sorrimos. Caíram por terra, sem o menor som. Como eu.


~ não me dês a tua mão, nunca poderíamos ter sido alguém,
parece que a vida não era mesmo feita para nós ~


Em ti eu acabo

2 gotas de arco-íris

Pés ao caminho. Até doer. Até me latejarem as têmporas e todo o sangue escorrer até se diluir no mar. Abraço infímo, imperceptível, imenso, indolor, inerente ao azul que me deixou o céu que me pisca o olho. "Estou aqui". Respondo-lhe, sentada no dorso da cascata que reluz comandada pelo meu sonho. Irreal, quase real.

Sou um peso que flutua desafiando todas as leis. Descaio para o lado esquerdo, ventricular e auricular que sou. Sou a cidade emaranhada na água que me acalma. Num momento. No outro não. No outro o meu veludo inconstante emerge e quase que evapora o Atlântico, domestica-o e reduz o oceano à palavra saudade. Que é azul. É uma senhora de idade que, espartilhada num vestido vitoriano azul escuro, leva a mão ao peito, num gesto de dor inimaginável, incapaz de medir ou comparar. É ela a saudade. Afogo-a no mar e sou assombrada pelo seu rosto doloroso e inquieto.
Já não respondo à cumplicidade das estrelas. Pedi-lhes que te velassem hoje...


Fechar os olhos e ...

4 gotas de arco-íris

Dias cinzas ... incandescentes a rolar e a cicatrizar rastos de sal incontroláveis. Cinza densa e azul brilhante, as nuvens recortadas num céu que só era meu naquele cantinho de azul a apertar-me o pescoço e a travar-me a garganta. E um punhal indescritivo a corroer-me o estômago.

Apetecia-me que alguém escrevesse o meu nome na areia. Assim, as letrinhas pequenas escritas com o indicador, cheias de ternura e com os sulcos molhados imperfeitos. Que alguém suspirasse a amontoar pedaços de nada para escrever na areia um céu tão azul como o meu nome ...
Ou que alguém me sustivesse dentro da palma da mão, que eu adormecesse num vinco de pele quente, num casulo de segurança infinita, para acordar ainda mais dentro dessa ternura escrita a areia. Que me ajeitasse os cabelos como a minha mãe fazia e me sussurrasse que tudo ia ficar bem. Que me fizesse rir com a redondez da lua espelhada num rosto meigo e a plenitude do sol no calor de um beijo roubado ao tempo.

Queria apenas um momento de pausa, ordenado por um qualquer controlo remoto, comandado por quem soubesse esculpir-me na areia, em que o ruído lá fora suplantasse as interferências agudas no meu cérebro. Um segundo que fosse, ou por todo o tempo. Perco-me. Talvez ...


Calma

1 gotas de arco-íris

É preciso ter calma, digo e repito, e suspiro enraizando estas palavras bem fundo em mim. E tenho a serenidade para crer mais um pouco, para adivinhar o futuro onde não estaremos juntos. Foi sem o ser. Foi bom rever-te nas entrelinhas que não desfiei, aquecer-me na lenha das tuas mãos hesitantes, e olhar-te de frente, num desafio de quem sorri porque simplesmente existe. Amo-te sim, com determinação e facilidade impressionantes. Mas abrir a mão é a derradeira vitória da minha nuvem. E é tão fácil, quase demasiado fácil, pegar nas tuas mãozinhas de criança ternurenta, abraçar-te como se amanhã não regressássemos a este mundo, e beijar-te os olhos cheios de marés. Para depois te deixar a saborear a incerteza. Não do meu amor, mas de mim.

Porque nem eu sei ...


(os ciclos completam-se com os passos mais difíceis, obrigada a quem esteve ao meu lado, a distribuir âncoras profundas de amizade)


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