Voando para Barcelona

0 gotas de arco-íris

Só me lembro que o tiver de ser meu, meu será...

Encontro o espelho embaciado, e continuo a repetir baixinho, de forma a não te acordar, tu que dormes dentro do meu coração. Cada som desprende-se dos meus lábios com a força e a fragilidade de uma espera que quero breve.
Morro nesse abraço em que te senti tão perto e tão doloroso. Foi o querer que não se podia concretizar, momento tão longo que durou tão pouco. Ainda te sinto, quase trémulo, quase tudo em mim, morri pela dor de não te olhar enquanto só nós podíamos sentir o vento na cara dessa viagem em que deixamos a solidão em terras lusas.

Descobri que não é amar sem retorno que fere mais. A minha cicatriz é mais funda porque me amas também, porque me queres também. E só isso a torna mais suportável no abismo de dizer adeus, até quando?

Não, não te quero acordar, então digo-o ao espelho, lendo-te e adivinhando-te nos meus olhos arco-íris.
Amo-te.
Gosto de ti.
Adoro tu.


Letra S

0 gotas de arco-íris

ser, sofrimento, sentimento, subir, sono, sabor, sabedoria, sensatez, sagaz, sapos, suposições, segurança, seta
A minha mão não quer
Que eu mate agora
Eu mesmo nunca sei
Eu posso dar
Posso dar o mundo


Tal fosse um copo grande
embora sem o fundo


Eu não entendo
mas amo quem tu és


E que assim sendo padeço a teus pés.



~ ainda e sempre, o meu céu tem pintadas nuvens violeta,
cheias de palavras prontas a serem ditas
e abraçadas em mim ~
* ainda e sempre, a notória impressão digital de um passado curiosamente mordaz,
se antes fora a presença a trair a minha lua
numa distância cristalizada em frios punhais,
hoje é a distância que cabe no meu coração que me apunhala
em palavras fervidas e amornadas
*


Por detrás de uma cortina de veludo azul

0 gotas de arco-íris

Conto os dias ... que se arrastam, desfiando farrapos de tecidos já gastos de tanto serem usados para remendar feridas alheias e presas num outro tempo.

É nesse azul que te perco, longe, para lá dos meus voos. Parece, nesses dias mornos, que falamos em mímicas distintas e desemparelhadas, num ruído estático que nos deixa apenas acreditar no amanhã porque o hoje se afigura vazio. Olho o copo vazio, onde antes mergulhei para te estrangular, não a ti, mas ao que representas. E vejo o vazio, essa distância sem cor, que me chama.

Bebo. Quase que brindo, quase que rio, quase que choro, quase que me colo a esse azul e o visto, apenas para o despir e me encontrar no fundo do copo. Paro quando te ouço, em leve surdina, a trocares todas as palavras por
todos os silêncios. És azul. Sem espelho, sem mar e sem fundo. És. Apenas és, sem cor, sem riso, sem cola, sem máscara. E perco-me dentro de ti, solto-me e tento navegar apenas para respirar um pouco mais.
Olho, de longe. Pegas no copo, enche-lo de qualquer coisa que te amordace apenas um pouco, o cansaço desprende-se de ti como se fosse a tua segunda pele. Bebes, bebes de um só trago. Sabe-te a pouco, ou talvez demasiado. Pousas o copo na toalha, e enquanto lambes os lábios, sentes a dor. Latejante. Perdida num fundo azul da parte de trás da tua memória. Esqueces o azul, até ao próximo copo. Sais.
Saio em ti enquanto permaneço no fundo do copo.


Ao desafio!

0 gotas de arco-íris

A seta apaixonou-se pelo vento
quis deixar-se levar pela sua força
voámos os dois na mesma direcção
mas o vento só vai para onde lhe apetece

A seta apaixonou-se pelo vento
quis deixar-se levar pelo seu talento
entrámos os dois numa combinação
que tendia para o infinito inequivocamente

amanhã não vais ter tanto encanto

E o vento apaixonou-se pela seta
quis deixar-se acompanhar pela coisa concreta
que surgia como justificação
para a materialidade de um traço no céu

E o vento apaixonou-se pela seta
e quis fazer com ela a volta completa
mas a seta estava farta de dispersão
voou para Barcelona e deixou solidão

amanhã não vais ter tanto encanto



Vais sim...
Porque o teu calor dá a volta ao mundo e não deixa solidão,
apenas uma cicatriz de saudade, aquela saudade que me faz querer voar,
voar para longe, rasgar o sol e rir-me da lua, cantar-lhes bem alto que
agora, como sempre, estou dentro de ti, bem protegida,
segura de todo o nevoeiro e de todo o frio, de todo o medo e de todo o mal.


Something in the way

0 gotas de arco-íris

Depois.
O depois, esse medo que rasga as paredes na ânsia de ficar colado à pele de quem ainda respira.

Não me vejo, não me reconheço na familiaridade desgrenhada que o espelho teima em me apresentar. Esqueço e perco as tranças da memória, fecho os olhos para não ver essa imagem onde não sou eu quem fica. Fecho os olhos e corto-os em em tiras ínfimas. Tento arrancar a pele, morder os lábios e desfazer-me apenas num charco onde boiem os pedaços de mim que não consigo extrair num vómito surdo. Nojo e repulsa, o casulo esverdeado afinal parece um arame farpado, arranha-me o corpo, despe-me, seja, enrolo-me, deixo-me ficar. Não sou eu.
Morre, gritam-me.
Morro, calo eu.
Mas fico, vou ficando. Partir para onde? Sou a prisão de mim, e teço teias e mortalhas, infinitas, para as destrinçar e desfiar. Mas ficam. Sempre, na minha fraqueza, na minha mão.

Depois ... e depois desse depois, que traz o frio vestido de corpos?



Há uma janela
No fundo do mar
Nascem sorrisos sardentos
Quando o mar traz as estrelas
E o céu dança apenas
Porque existimos nós
Nesse abraço que não se desfaz


Na minha praia

0 gotas de arco-íris


O sol não dorme... Traz um sopro estranho, uma vontade férrea de ficar sempre e eterno a perscrutar a minha secreta paz.
Vejo-o morrer lentamente, mas sei que é uma morte etérea, o teu calor dura para além da noite em que o frio luta com os meus anjos da guarda. Os anjos, domados pela força que há em nós, ganham, vencem, e o meu território permanece. Meu. À espera. A noite faz-se fogo em mim, para que a luz não morra e ilumine o ponto em que te aguardo.
O sol ressuscita, e com ele as estátuas perdem o seu rígido perfil, apenas sobra essa queda chamada espera, até ao momento em que te vejo, e quando te vejo sei que essa seta que alguém lançou entrou nos mares da minha praia, bem junto a esse véu de mistérios abertos para nós, que é o coração.

Amo-te, na minha praia com vista para a cidade.


Sobre mim

  • Nome Green Tea
  • De eu vim de outra esfera
  • pessoa pensante cheia de ideias e dúvidas
  • O meu perfil

Estrelas em ordem

    A fim de evitar spam, os comentários a este blog estão sujeitos a um tempo de espera antes da sua publicação.
Music Video Codes em VideoCure.com
Caixa Postal

Ouvindo

Inspirações da semana

O meu last.fm

Chuvas anteriores

Arquivos e supernovas

As minhas outras chuvas

Chuvas identificadas

Estou no Blog.com.pt
CURRENT MOON

moon info

Pedacinhos de outras cores

Momentos 5 estrelas

Blogs 5 estrelas

Têm vindo cá ...

Responsabilidade

Support Amnesty International
As bijuterias da Maria
The animal rescue site
The child health site
The hunger site
ATOM 0.3