Something in the way
Em 09 fevereiro 2007 choveram pedacinhos de Green Tea | E-mail this post
Depois. O depois, esse medo que rasga as paredes na ânsia de ficar colado à pele de quem ainda respira.
Não me vejo, não me reconheço na familiaridade desgrenhada que o espelho teima em me apresentar. Esqueço e perco as tranças da memória, fecho os olhos para não ver essa imagem onde não sou eu quem fica. Fecho os olhos e corto-os em em tiras ínfimas. Tento arrancar a pele, morder os lábios e desfazer-me apenas num charco onde boiem os pedaços de mim que não consigo extrair num vómito surdo. Nojo e repulsa, o casulo esverdeado afinal parece um arame farpado, arranha-me o corpo, despe-me, seja, enrolo-me, deixo-me ficar. Não sou eu.
Morre, gritam-me.
Morro, calo eu.
Mas fico, vou ficando. Partir para onde? Sou a prisão de mim, e teço teias e mortalhas, infinitas, para as destrinçar e desfiar. Mas ficam. Sempre, na minha fraqueza, na minha mão.
Depois ... e depois desse depois, que traz o frio vestido de corpos?Há uma janela
No fundo do mar
Nascem sorrisos sardentos
Quando o mar traz as estrelas
E o céu dança apenas
Porque existimos nós
Nesse abraço que não se desfaz
0 Gotas que choveram em “Something in the way”
Enviar um comentário