Faço o meu preço.
Sacudo das mãos a terra em que te escavei. Dispo-me de ti, e não sais. Persistes, regressas.
Arranho a pele, arranco-te, desfaço-nos como se o sangue pudesse encharcar a terra.
Algures no tempo, hei-de tombar. Hei-de cair, ainda sem entender porque insistes.
Não é a ti que sufoco, e enquanto te solto vou implodindo infectada pela dor de não ficar.
Faz frio, e a dormência em mim é a pausa de não me saber viva, antes crua.
Fecho os olhos. Não te quero ver, enredado em teias cor de laranja que não conseguimos desatar. Nem te quero ouvir, nem sentir, nem cheirar. Porque se te aproximas de mim sou eu quem chega também.
Tens sempre esse travo a algo mais, a tudo mais, a nada mais. Sempre essa simplicidade de quem sabe que o sol se põe apenas para se entreter enquanto a lua se ri enquanto durmo. E és luz presente ausente constante perene.
Algo em mim diz que não acabas. Algo em ti diz que não sou eu.
Explica-me
Leva-me
Abraça-me
Beija-me as lágrimas enquanto caem,
porque não sei porque caem,
nem para quem caem,
mas ardem ao cair
Muito intenso...
Gostei muito :)
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