Há sempre um travo seco que se cola à minha garganta e quase me impede de respirar e quase me rasga a garganta.
Há sempre qualquer um frio de pedra no meu corpo, que nunca aquece verdadeiramente. É feito e desfeito continuamente, como um tecido que nunca permanece inteiramente fiado e completo.
Escorro, descaio, algo me puxa para dentro de mim. Mas dentro de mim há luz, então porque faz tanto frio, e então porque cai o negro e me sufoca numa mordaça que pensava já ter despido? Há velocidade, há ruído, mal me vejo, mal me sinto, não te ouço.
Jazo, sou pequena, desdobro-me e agiganto-me, mas é apenas ilusão ... Há momentos de mim que nunca sairão desse escuro e enevoado lugar de mim, esperando astutamente, calma e persistentemente. Esperando esse sorriso que me sabes dar, para depois mo roubarem e fecharem o teu sorriso lá fora, onde não o vejo nem me aquece. E é na tua ausência, meu pesadelo, que o frio me consome os ossos e os sonhos.
Fecho-me. Talvez tu encontres o caminho cá para dentro.
põe pedrinhas no caminho... :)
kiss