hurricane 1
Em 30 agosto 2008 choveram pedacinhos de Green Tea | E-mail this post
... intrinsecamente enches-me o peito de frases que me arrepiam vindas das profundezas da tua espinal medula... [trago o corpo cheio de copos velhos, foscos e manchados de baton. algures no fundo de um deles afoguei-te, sem sequer me despedir. noutro qualquer dia juraria a pés juntos e mãos atadas que o céu se abriria em infinitos clamores quando te fechasse a porta, que a terra cavaria sulcos nas estradas que sempre nos separaram. provavelmente, ouvir-se-iam sinos longínquos e majestosos, trombetas celestiais e uns quaisquer portões dourados ecoariam o seu fechamento.
mas não.
por vezes assomas à janela da lembrança e não evito um sorriso velho e cheio de ternura, o sorriso "e se", "e se tivéssemos sido?", mas não há qualquer réstia de desejo ou ardor. não me queimas a pele e a voz não sufoca por te ver e te sorrir. nessas vezes, pareces-me um pássaro chilreante suavemente aconchegado no meu ombro, cúmplice. partilhámos tanto sem o dizer, e brilhámos tanto sem que nos vissem.
o dia em que fechei a tua porta e passaste a visitar a minha janela veio naturalmente. sem cheiro particular ou amanhecer diferente. simplesmente aconteceu. alguém entrou e o teu lugar estava vago. pediu licença e eu acedi, seduzida pela certeza de que havias partido há muito. até que percebi que sempre estiveste na janela, a tal janela da mentira que um dia me fez amar-te.
copos velhos, de onde saem ainda os cheiros que te adivinhei de noite. cheiram a saudade quente e a cumplicidade]
... intrinsecamente, a minha mão grita pela tua e conhece o teu toque, decorou o teu cheiro e perdeu-se em ti, e foi aí que me encontrei.
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