prende-se o pulso e solta-se a mão
Em 26 junho 2008 choveram pedacinhos de Green Tea | E-mail this post
Não quero ficar aqui.
Não quero ficar aqui a ver-te.
Não quero ficar aqui a ver-te ao longe.Não quero ficar aqui a ver-te ao longe sem saber.Não quero ficar aqui a ver-te ao longe sem saber o que somos.
Não quero ficar aqui a ver-te ao longe sem saber o que somos ao perto.~O frio das pedras do chão debaixo dos pés acordou-me os sentidos. É tão mais fácil estar inerte do que estar viva em carne desperta. Dizem que as pedras da calçada choram o destino de quem as pisa sem as ver. Eu digo e grito que choram por separarem passos que se querem. Não se quiseram antes, talvez não se queiram depois, talvez se queiram sempre, mas querem-se agora, enquanto a lua for cheia e as estrelas que vêem são as mesmas.~A saudade já foi uma mulher com um espartilho sufocante, lembro-me de o ter dito há uns anos. E hoje a saudade é uma faca aguçada que rasga a dor pequena em estilhaços de pequenos pormenores feitos de milimetros que se juntam para serem um longe.
~E é de noite que sei que há-de haver um dia em que não estou perto num sonho de algodão doce, vou estar perto num abraço que durou uma dança a mais na varanda, persistiu um compasso mais e soube a assassínio da saudade. Quero matar esta saudade e sufocá-la entre nós num abraço entre corpos, ela que morra entre mãos que se buscam e olhos que se vêem finalmente.~Dentro de mim tenho tudo. Sou uma folha dividida em mil palavras, cada uma com tantas outras por entender. Saibo a medo e trinco a gosto. Tenho frio e sou calor. Trago vida e pago em sonhos. ~As pedras da calçada agora riem-se... [não é um texto para ser entendido,
não é para ser sequer relido,
é apenas para juntar palavras sem sentido,
que sem sentido consigam definir
o que não tem nome,
cor ou cheiro,
mas que sabe a carícia distante,
na curva funda das tuas mãos,
das tuas, sim, porque sim]
[sempre precisei deste espaço
sempre regressei aqui
poucas vezes o partilhei
ainda menos vezes foi recebido ou compreendido
mas isto é o que sou
quando sou o que posso ser]
O espanto de perceber o poder das palavras escritas por alguém que me aquece e transforma a tristeza persistente num sorriso tímido de uma ternura esperada...