Regressas mais pesado... sinto a diferença na tua pele, mais seca e áspera, mas também mais minha. Sempre foi minha, não foi? Sempre estiveste no meu corpo enquanto não te via ao meu lado. Ficaste. Esperaste até ficares sem palavras para me dar. E eu que não te via.
Perguntaram-me "e vocês?" e eu quis perguntar-te "e nós?". Só que as palavras arranharam-me a garganta e dançaram na minha voz. Opaco, o medo entrou na conversa sem ter sido chamado, e sussurrou-me ao ouvido que a hora ainda não chegou. Quis gritar-lhe, explicar-lhe que o tempo era este, era agora, que "nós" sempre tinhamos existido, e ainda assim, a minha voz fugiu para dentro de ti, qual refúgio na tempestade. Mas a tua própria voz veio inundar os meus olhos enquanto o medo esfregava as mãos de contente. Outra vez.
Então pergunto-me "e nós?", e sozinha sei a resposta. Dançamos sem nos tocar, sentimos sem nos ver, ouvimo-nos no silêncio branco que nos invade desde que acordámos juntos sem o saber.
Não consigo fugir de ti. Nem quero. Desta vez, vou dizer ao tempo para não te esconder de mim...
Vamos partir... partir sem ver... pode ser que desta vez ...
vocês :)