Até me ouvir
Em 06 junho 2006 choveram pedacinhos de Green Tea | E-mail this post
Olho para mim. E agora que os meus cabelos lutam novamente com o vento, agora que roçam a minha companhia, agora que me seguram a mão, vejo como é bom o calor das mãos. Essas mãos, perfeitas, fortes e graciosas, que só têm um defeito. Não são tuas.
Preciso de me lembrar sempre. Sentir na pele a vergastada da tua ausência indiferente. Lembrar que o ar não é teu.
Preciso de me lembrar sempre disso. Necessito de chicotear asperamente cada réstia de esperança que me brilhe nos olhos cada vez que o teu nome surge desenhado no céu, nas nuvens, no meu peito. Esse brilho tem de morrer, e mato-o eu depois de o teres enterrado.
Digo, escrevo, sussurro, grito aos ventos e ao sol, se necessário for. Até me ouvir. Até acreditar no que digo. Até as minhas mãos serem minhas e por mim chamarem. Até a minha voz se perder na cidade que uiva. Até o meu grito ser eco de si e se tornar verdadeiro. Até ao fim.
Olho para mim. Lembro-me. E pego na cadeira e domo a esperança azul que tenta renascer. Até ao fim. Porque o fim sou eu.
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