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Remember me (?)



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Prendi-te e atei-te nos meus fios até te sufocar. Roí-te as defesas, cortei-te os caminhos de fuga. Persisti, até te ouvir, até te arrancar essa verdade que escondeste debaixo dos meus olhos, que não vi, não li, não tirei das palavras que me escreveste o cruel sentido que nelas encerraste.
Deixei-te cair no chão, como um ramo que se quebra, fino e frágil, serias tão mais forte se fosses um feixe de ramos atados. Deixei-te sair pela porta dos fundos, deixei a tua morte em suspenso, fica para depois. Não foi hoje que te escorracei, te apedrejei com bolas de sabão, que matam quando não as sabemos decifrar. Fugiste apavorado, descalço e nu, pela palma das minhas mãos que tremiam.
Foram de veludo as minhas mãos, não deixaram marcas, por enquanto. Que ainda tas hei-de deixar, ainda te hei-de contar a história das noites em que me visitavas e desenhavas sorrisos no ar com o teu olhar. Ainda te vou mostrar as nódoas negras que deixaste em mim, pego na tua mão e enterro-a nas minhas chagas que hão-de fechar sem a tua ajuda.
Não me ouvirás, não me verás, porque nunca me ouviste nem viste, apenas me encontraste e amarrotaste. Fui um espelho, daqueles de aumentar e reflectir só coisas boas, daqueles que só existem nos contos em que quis acreditar. E partiste o espelho, com a mão trémula não de compaixão pelos reflexos que passámos, tremias porque um de nós o partiria. Não adiantava adiarmos mais a queda, vamos ser sempre nós, eu a querer voar, tu a quereres adormecer.
Morri quando não te matei. Já tinha definhado aos poucos, cada dia era um pouco menos de mim que encontrava no meu corpo, já me tinha evaporado em ti e perdido na tua respiração distante. Morri, ainda não percebi como, embaciada e toldada pela lentidão do que não me tinhas dado. Não ouço, não vejo, não sinto, não cheiro, não sou nada a não ser um corpo, mais um corpo neste amontoado ordenado. Mais um, menos um, por enquanto é-me indiferente.

Não saberás que morri, não saberás que te levo comigo, que morrerás também um pouco, que perderás alguma dessa tinta invisível com que pintas a tua alma, a tentar escondê-la de quem a quer conhecer. Vou-te descascar, deixar uma cicatriz que não sentirás. Não compreenderás como a vida tem caminhos sinuosos. Serás apenas uma palavra, um não, sangrado e esvaído. E os teus risos não me doerão mais, os teus olhos não me arrancarão lágrimas dos meus olhos, o teu sorriso ser-me-á indiferente.
Será num futuro que não sonhámos. Eu porque que te queria. Tu porque te querias também. E nenhum de nós te tem verdadeiramente.
Não te esqueço ... mas esquecerei que te amo, e aí voltarei a ouvir chuva a narrar na sua voz de mãe os contos em que agora não consigo acreditar. Da chuva só ouço os uivos dos ventos adversos.



~ agradeço a imagem "tirada" daqui ~


1 Gotas que choveram em “...”

  1. Anonymous Anónimo 

    woooww lindooooooooooooooooo

    **

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