Sim.
Flutuo leve em passos que não dou, e se os dou nem roço as pedras da calçada. Quase que voo, quase que sonho, quase que sou mais do que este mero corpo. Quase me vejo a pairar entre os cacos do mundo estilhaçados em gritos arranhados, puxados à força das gargantas sem voz.
Nada vejo, nada ouço, apenas o toque, essa brisa meiga que me faz levitar, dócil sem que a sinta verdadeiramente. É etérea, nada mais que um momento, e quando me volto para a buscar, para a prender na mão, para a guardar um pouco mais, preciso de um pouco mais, já ela não está, e quase duvido que tenha estado comigo, quase receio, quase tremo. E sou um conjunto de quases, que desafiam a gravidade, mas essa física é para quem se sabe tangível. Não para mim.
Dói-me. Ainda.
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