Sou um edifício complexo, com portas e janelas de vidro e aço, forjadas a sorrisos frágeis e mãos fechadas a tentar segurar o que nunca lá esteve. Das portas conheço o que se esconde nos buracos das fechaduras, imagino a paisagem que se estende lá fora, sem nunca chegar a transpor a porta.
Sou as escadas onde tropeço, as escadas onde me sento com a cabeça segurada entre as mãos, a ganhar fôlego para construir um novo andar de mim.
Sou as paredes nuas sem ornamentos, onde me encosto para sentir algo contra o meu corpo, sou o frio que passa para fora. Sou o frio.
Sou as janelas da mentira, que reflectem um mundo que não conheço e onde não nasci. Sou o parapeito de onde me desequilibro e ganho medo de não voar. Teço os corredores para quem entrar em mim se perder nos recantos obscuros e contraditórios que sou.
Sou a telha que me impede de sentir o ar, não sinto o ar na cara, não ouço nada, só cá dentro, cá dentro o ruído que faço ao movimentar-me, para não me perder de mim. Sou os interruptores que só ligam a luz quando me esqueço que a escuridão faz bem ao nada que sou. E quando a luz inunda as salas, apresso-me a chamar as estrelas, para serem elas a iluminar os meus traços de engenharia humana inexacta.
Sou uma prisão, de que que fujo, a que regresso
Pluto
Identifiquei-me. E então a frase do Manel a rematar..*
obrigada B ... a sério ;)
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