Espelhos não são uma boa metáfora ...
Em 07 abril 2006 choveram pedacinhos de Green Tea | E-mail this post
Naquele cantinho da minha janela ainda guardo os amores-perfeitos que teimam em não morrer como seria de esperar. Persistem e fogem à realidade que lhes estaria destinada. Vou escutando. O vento vai-se lamentando, a chuva vai escorrendo entre as casas e as ruas meio desertas de alma. Sou eu a chuva.
Mas é bom. Tenho pensado como é bom sentir o sal das nossas lágrimas, porque elas são a prova viva que existimos num dado momento do tempo e do espaço.
Mesmo no sofrimento há beleza. No pior dos ardores pode haver algo de belo. Não a beleza tradicional dos contos de fada, mas o toque da vida a passar por nós e a chamar, a desafiar... há tanto para ver, para sentir, para desesperar.
Naquele cantinho da minha janela, a cidade dorme. Fervilha de movimento, mas dorme porque não vive - arrasta-se, sobrevive, melhor subvive. Eu estou acordada. Dolorosamente, mas pacificamente acordada. E é bom...
Escrevo cartas à minha romã, a contar-lhe das maravilhas de ver para além do espelho. Ela não acredita em mim, responde que no espelho vemos a verdade.
Não. Nem por isso. Estamos sempre a mudar, e é o nosso reflexo que é real, e não tanto o espelho onde o vemos.
É o meu cantinho. Sem rancores nem pudores, sem espera nem desespero. Sem cor nem luz, sem sombra nem escuridão, sem vida nem solidão. Sem nada e sem falta de nada.
Existe. Existo. Não existimos, mas existimos antes de nós.
Começaste com frase dos Linda martini (wow) e terminaste com uma musica lindíssima dos Ornatos :) No espaço intermédio, um texto teu bonito, pincelado com frases que conhecemos.. :) **
:)
(ok, estou emocionada por ver que o meu espacinho vai crescendo)
Obrigada