Nicolau da viola e como acabam os contos de fadas


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É ... eu tinha razão ...
Melhor, tenho razão!


As palavras não são nada, as palavras gastas para me encontrar onde nunca estive só me fazem doer a cabeça, o corpo e a alma. Estou cansada. Estou exausta. Do quê, não sei, se de mim, se dos outros, se de acreditar no que os olhos da alma vêem quando sou mais eu do que penso quando visto a pele do quotidiano em sociedade.
Acreditar é cansativo...

Cinderela dos tempos modernos promete ao príncipe inseguro que vai ao baile. Cinderela ri-se perversamente!!

Abrir a mão e voar. Estive no sonho bem acordada, bem presa à realidade que se escoava a cada momento. Hora e meia, não deve ter durado mais. Lacrimejantemente esmagador. Aquela música maluca sempre a subir, eu lá à frente, a acreditar e a sorver cada palavra, cada nota, cada suspiro que se desprendia de uma alma tão maior, eu lá à frente, a concordar que uma chaga nos recorda do fim que nunca quisémos aceitar.

Cinderela pensa que o príncipe a procurará. É a mais popular, toda segura equilibrada em telhados de vidro frágeis e que se acabarão por partir. E joga o jogo que se joga quando se joga por jogar. Ânimo leve a apostar o que não é seu.

Só, rodeada de gente, mas tão só. E a música entrava dentro de mim, tanto quanto dentro de mim eu podia estar, confortada pela lágrima amarga que escorreu de mim para me aquecer e aconchegar no escuro cheio de luzes. E não era só que eu queria estar...

Cinderela sai de casa, bela e fresca, mulher ardente e fortalecida pela espera do príncipe que rejeitará. Ele espera. Ele desespera. Ele chora. Ele contorce-se nos meandros da sua revolta. Ele fica estupefacto com tamanha insensatez. Cinderela, repete o nome dela até ficar extenuado e se enrolar num canto do palácio escuro e triste que pensou que voltaria a ser florido e colorido pela sua Cinderela alegre.

Saboreio cada momento de som. Memorizo cada frase, cada gesto. E tacteio a minha memória para encontrar o que não está lá. Nunca esteve. Nunca estará.
Agora compreendo tanta coisa, tantas páginas lidas e tantos rascunhos amachucados e desprezados por serem mais verdadeiros que o desejo.
Despedaço-me como uma bola de cristal fragmentada em ínfimos e infinitos pedacinhos de mim e de pó.
Agora encontro a minha imagem no espelho. E tu não estás lá.

Cinderela ri. Cinderela é bela e feliz. Cinderela não sabe que não sabe amar. Cinderela apenas sabe que é amada. Cinderela não se dá conta de como fechou o príncipe nas muralhas que nem se deu ao trabalho de visitar. E o que Cinderela também não viu foi a força com que o príncipe fechou a porta do túnel que os ligava secretamente durante as noites em que ele sonhava com ela, e ela fingia que sonhava com ele.

Nunca me custou tanto a ausência. Ausência branca e fria, desligada e seca. De quem não quis. De quem não se importou. De quem não se importou de me ferir com a leveza de um desprezo mal disfarçado.
Chega. Chaga.
Era só a ti que eu queria ao meu lado no concerto nesse dia. Como me lembrei e recordei desta letra, desta verdade que quis ocultar até ao fim. Nua e crua: não fizeste um esforço. Não te pediria o esforço que eu faria, apenas um esforço, um sinal.

Cinderela mostra-se ao príncipe. Dói ao soberano não lhe acenar esperançado. Mas dói-lhe a lembrança dos espinhos do seu sorriso, a lembrança do seu gesto amoroso falsamente interessado.

Nem uma palavra ... nem um gesto, nem um sinal.
A indiferença de quem me espera igual ao que já não posso ser. Porque não posso aceitar massajar o ego de quem não me encontra pela senha que não me fartei de anunciar e apregoar, na esperança vã ...

Porque te quis amar e não deixaste, porque despediste a minha presença sem a teres verdadeiramente encontrado.
Vou caminhando e deitando na fogueira as cartas velhas que a minha romã escreveu ainda antes de te conhecer. Sou de fogo e gelo, usada, gasta, mas renascida em mim e amando-me como nunca perceberás.

Não me mates outra vez ... bastou. Meu amor, o amor não te prendeu, e agora deixo-o ir na corrente do teu desejo.

Cinderela não compreende e procura o príncipe do reino vizinho.
A história, como todos os contos de embalar da vida real, acaba por aqui. O princípe do reino vizinho desposa a bela Cinderela e são felizes para sempre. O nosso herói solitário aprendeu a desconfiar dos gestos sinceros de outras cinderelas, e não viveu feliz para sempre.


1 Gotas que choveram em “Nicolau da viola e como acabam os contos de fadas”

  1. Anonymous Anónimo 

    Não vês a agonia a escorrer nas paredes
    As portas não páram de ranger
    É como um corte que entra no tímpano
    Não aguento o barulho de dentro
    Já não estou só!
    Já não estou só eu a ouvir...
    Já anda nas ruas!
    Já comentam por aí!
    Qualquer coisa não está bem...
    Fala-se demasiado alto para quem está tão longe...
    Fala-se demasiado alto para quem está tão longe...
    Mas não tinha que haver pedrada alguém levou por arrasto.
    Mas não tinha que haver pedrada alguém levou por arrasto.
    A luz continua presa ao tecto
    Por mais que se tente tirar
    Está alta de mais
    Ou encandeia os olhos
    Ou queima quando se toca
    Parece que sabe queimar
    Parece que não tenho janelas
    Não entra ar aqui
    Não entra ar aqui
    Tira a mão quente dos olhos
    Tira o frio da frente
    Já tenho tão pouca gente para me encontrar
    Desata-me os olhos, desata-me a cara
    Desata o teu corpo dentro do meu
    Tira-me a voz que puseste no tempo
    Que não está a querer desistir
    De pisar os membros no chão
    De arrancar os braços no tecto
    Tira-me de mim, vá tira-me de mim
    Transforma o fraco em coisa forte porque tudo se renova...!
    Transforma o fraco em coisa forte porque tudo se renova...!
    Transforma o fraco em coisa forte porque tudo se renova...!
    Transforma o fraco em coisa forte porque tudo se renova...!

    TORANJA - ensaio

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