Não gostamos de flores
Em 22 agosto 2007 choveram pedacinhos de Green Tea | E-mail this post
... mas dançámos e esvoaçámos em jardins.
Nascemos, renascemos e desnascemos, inventámos mundos, cores, e pintámos o vermelho do meu verniz na planta do meu coração.
Saudade é o ar que vou sugando e aceitando. Partimos, voltámos, seguimos, e ataste-me a ti, rindo do meu rímel azul, enquanto me cobriste de vermelho. Sempre vermelho. Arrancámos sons de guitarras, de palmas, de mãos, de olhos fechados e dedos entrelaçados. Rimos, encostados nos ombros um do outro, e o fumo da saudade a apertar, um abraço feito ate já. Subimos e descemos escadas, sempre de mãos dadas, preparámos, conhecemos, provámos.
Eu fiquei. Tu ficaste, mas o norte ganhou-te e o sul fez-te estremecer, nessa saudade nua que usas para afinar as minhas lágrimas.
E hoje não és tu. És só uma data, quebraste os elos que nos uniram, vermelho, azul e laranja. Não te revejo, nessa caverna que pareces ser, e que já alberga mais alguém.
Hesito, e amargamente guardo essas palavras de Janeiro quente, dessa noite que não acabou, que aconteceu, e que se fez dança perdida.
E esperava ao menos que olhasses para trás.
Mas esvoaças apenas, leve, longe, breve. Levas o vermelho contigo, o sorriso que não é teu, e as mãos que perderam a sensibilidade. E sem olhar para trás, colhes as flores que sabes que magoam, que ferem, que cravam vermelho na minha pele. És um vidro trespassado em mim.
Achas mesmo que me esquecia?
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