Sou um vidro que se quebra para ser saída de emergência. Foi a conclusão que cheguei. Já são muitas fugas para a frente, alguma coisa havia de aprender...
Sou urbana, não vivo sem o frenético, sem o ruge-ruge e o fumo, sem o ruído e a confusão.
Defino-me no que sei, e não quero pensar no que sei. Sei que o arco-íris me encontra no meio da cidade e que o cheiro da minha escola primária ainda me invade quando não espero, e que gosto de comer gelados no inverno. É meia noite e está frio.
Sei que este espaço já não é dele, porque ele não quer.
Ele era o tu. O meu tu, o ele. Mas agora já não. É ele. Podia dar-lhe um nome, um rosto, um pseudónimo, mas o que o descreve não encaixa, não serve. Traduzindo, dava "Pateta", mas o Pateta faz rir ou sorrir. E ele não. Faz sonhar e voar em filmes que não se traduzem porque não estão em português, nem noutra língua, estão na mudez e na nudez do que eu sinto. E ele não.
Não tenho palavras hoje. O rodopio que me envolve cala o ruído da TV, o martelar do teclado, por onde me saem pedaços de alma que ninguém visita - porque não quer ou porque não deixo.
Estou habituada à vida... mas à repetição da vida não me habituo. Não é a dor de não saber onde dói. Sei exactamente, com precisão cirúrgica... É a dor de saber onde dói, como dói... e que vai doer até à próxima nódoa negra. E a dor de saber que ele arde e cura, alivia e esfola.
Tem andado gente à minha procura.
Eu, por exemplo ...
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