Está calma...
a lua pensativa brilha um pouco mais alto da sua imensa brancura plena.
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Tanta coisa que queria dizer-te... Sabias que?
Tanta coisa que queria dizer, a ti, ao mundo, à rua que me escuta aqui em baixo!
Tanto que queria saber partilhar...
Estou bem, estou bem... Sei que o lugar de tudo é onde está, sei que vês o mundo pintado com umas cores onde eu não encaixo.
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Está tranquila... está à espera. A lua sorri triste, tem sono, mas não quer partilhar a solidão.
Só mais um momento, ei-la! A rapariga esboça um sorriso, tímido. Está tranquila, está à espera, não sabe de quê. A lua sabe, mas não lhe diz. As estrelas sussurram entre si, e é um murmúrio tão suave que parece o mar a quebrar-se suavemente em espuma.
Vou dormir ... e esperar
Fiz uma pausa na escrita, e ela tornou-se densa e fugidia como tu. Gostava que tivesses visitado este meu olhar enquanto espero... sei que não esperas por aqui, que não lembras estas asas que ajudaste a crescer e vais cortando. Sei que sorris das poucas vezes que visitas estas linhas que não são tuas, mas minhas...
A minha espera é o teu alívio, e sorrio.
Neve humana, qual de nós?
Sem me surpreender sequer... Adivinho-te esquecido de mim, ainda que não queira acreditar.
Hoje só a tua lembrança me recordou de mim, enquanto explodia de lágrimas ingénuas pelo afecto infantil de quem não sabe o que é doer e ser doído.
Revolto-me comigo mesma pela criancice desmedida de te tentar apagar, pela cobardia de não entrar em ti pela porta da frente. Nem entrei, e se o fiz, esgueirei-me pela porta das traseiras, pequenina para que nem me visses.
Tudo o que olho, ouço, sinto e cheiro me traz a tua existência. Percebi. Não és igual a mim, e és o que encontrei na escuridão do meu recanto aberto ao teu sol. Ainda bem que não és igual a mim, e que eu não sou igual a ti.
É este querer não te querer que me consome neste dia em que decidi não te procurar. Errada, como sempre. Foste tu quem não me procuraste, e a minha admiração espantou-me. Onde estás? Como estás? É quase o mesmo que perguntar onde estou eu para ti...
Medo... de ter explodido demais. De ter decidido demais. Sem ti. Estou bem sem ti quando sei que de madrugada me devolves o sorriso. Não assim.
Gostava de poder dizer que não te percebo, mas talvez até perceba... só não me percebo a mim. Sei uma coisa, tão certa como o meu nome e a minha existência... respiro e avanço porque te penso.
Medo é fraco, revolta é branda. Fere-me mais a incerteza de não estares cá.
Olho para o copo e desvio-o. Apetece-me parti-lo em mil pedacinhos, pedacinhos de mim. Quero que a tua ausência amarga e imposta impulsivamente termine tão depressa como começou.
Pego nos meus receios, nas minhas fraquezas, neste vinho com sabor a dor, e sopro tudo para dentro de uma bola de sabão colorida. Vão pela janela, a subir a rua deserta, à espera que o vento as rebente bem longe. Se ouvires, vai à janela de onde olhas a lua. Eu continuo cá.
E aprendi. Se queres ir, vai. Se queres ficar, cá estarei para te ver... Tenho todo o tempo do mundo, como diz o Rui. Só preciso de saber, porque a dúvida estremece-me.
Mas diz-me.
Bebi hoje o primeiro gole deste amargo vinho que é a ausência. Decidi-a eu, sem te perguntar, sem te justificar.
Tremia a minha mão quando ergui o copo, translúcido e embaciado do meu receio e da minha incerteza.
Romã R O M Ã
Desfio as palavras e acaricio as letras dispostas ingenuamente. Surpreende-me a fragilidade das palavras, ainda hoje.
Contei a partir de hoje, porque ontem ainda estiveste cá, não comigo, não aqui, mas dentro do copo. E eu a dizer a mim mesma que não te veria sufocar, que não te veria esbracejar, porque ao ver-te via-me a mim a esbracejar e a sufocar, e não quis o que quero hoje mais do ontem ainda.
ROMÃ, as palavras escorregam e deslizam-me nos dedos, numa súplica para as não deixar ir...
Como se fosse possível deixar-te assim, como um copo de vinho decidido porque sim e porque não. Bebo, e relembro "o vinho está servido, pois que se beba", e bebo mais, toldada não pelo vinho, mas pela tua ausência que decidi sem te perguntar.
ROMÃ, e sorrio às palavras
O sorriso doce da minha companhia diz-me para não beber, porque tu não tens culpa. Eu sei disso, e ainda me faz decidir mais forte, e bebo. Embacio-te nos meus dedos e no meu olhar de quem ri tão espontâneo como o ar que não sabe porque existe.
ROMÃ, à minha espera
Fraquejo, e as incertezas da indecisão decidida que tomei aceleram-me o coração, e pouso o copo. Abri os olhos cedo de mais e vi-te.
Fui deitando abaixo as muralhas, é verdade, mas só para construir umas ainda mas apertadas. E com uma porta de entrada cada vez mais estreita.
O puto não é cruel, cruel sou eu com ele e ele não sabe. É assim que me vou matando outra vez. Gosto do puto, nem tanto de mim...
O puto é engraçado, é cómico, mas eu não sei aproveitar. Não é por levar as coisas demasiado a sério, é por querê-las e não as saber dizer.
Não é só com o puto. Não fosse eu especialista e perita nestas coisas e tudo me passava ao lado. Mas sou e agora consigo reconhecer sintomas e traços e comportamentos que tudo associado dava um rótulo. Não o digo, não me apetece, muito menos hoje.
Bom, puto, desculpa lá. Obrigada por ires levando com os meus embates. Lembro-me do Planeta dos Macacos do Tim Burton e do videoclip do Take on me dos A-ha. Em ambos alguém (um macaco e um boneco de banda desenhada) se atira contra um vidro. Conseguiram parti-lo. Espero também conseguir.
O vinho foi servido, pois que se beba.
A rota foi traçada, pois que se cumpra.
(mais que o monstrengo que a minha alma teme, manda a vontade que me ata ao leme)
Ia-me esquecendo, Feliz dia de S. Valentim (e isto é escrito com um sorriso)
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