Bebi hoje o primeiro gole deste amargo vinho que é a ausência. Decidi-a eu, sem te perguntar, sem te justificar.
Tremia a minha mão quando ergui o copo, translúcido e embaciado do meu receio e da minha incerteza.
Romã R O M Ã
Desfio as palavras e acaricio as letras dispostas ingenuamente. Surpreende-me a fragilidade das palavras, ainda hoje.
Contei a partir de hoje, porque ontem ainda estiveste cá, não comigo, não aqui, mas dentro do copo. E eu a dizer a mim mesma que não te veria sufocar, que não te veria esbracejar, porque ao ver-te via-me a mim a esbracejar e a sufocar, e não quis o que quero hoje mais do ontem ainda.
ROMÃ, as palavras escorregam e deslizam-me nos dedos, numa súplica para as não deixar ir...
Como se fosse possível deixar-te assim, como um copo de vinho decidido porque sim e porque não. Bebo, e relembro "o vinho está servido, pois que se beba", e bebo mais, toldada não pelo vinho, mas pela tua ausência que decidi sem te perguntar.
ROMÃ, e sorrio às palavras
O sorriso doce da minha companhia diz-me para não beber, porque tu não tens culpa. Eu sei disso, e ainda me faz decidir mais forte, e bebo. Embacio-te nos meus dedos e no meu olhar de quem ri tão espontâneo como o ar que não sabe porque existe.
ROMÃ, à minha espera
Fraquejo, e as incertezas da indecisão decidida que tomei aceleram-me o coração, e pouso o copo. Abri os olhos cedo de mais e vi-te.
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