Canso-me desta ausência. Respiro saudade e é por ela que persisto. Trazes a luz adormecida dentro da tua capela. Eu deixo-me ficar, presa às paredes nuas e frias. Saio quando entras, e o sorriso foge-me dos lábios, roxos de tanto os morder, feridos de tanto os rasgar. Quase diria que o meu sangue escorre frio para o chão, sem calor, não fosse a vividez do meu vermelho. Não sorrias, não vale a pena. Não quero! Quero entorpecer a mente e o corpo, libertar os músculos e largar-me, pesada, em posição fetal.
Repito, repito, e agora? Ver e rever, olhar o teu rosto no espelho fosco da tua cara, e soltar um bom dia ou boa tarde ou boa noite, quando já não me apetece. Não fui eu que fiquei, resta-me o de sempre, não te ganhei. O de sempre. Azar para a de sempre, que sempre se faz história, corda, forca.
Volto para casa. A minha casa. O meu casulo tecido a sós. Sempre. Neste sempre nublado, onde só chega quem tiver a chave nos olhos. Não. Nem isso. Afinal não sou um casulo, sou um túnel, e apagaste a luz que vislumbrei ao fundo.
(foto by Zé [do Monte])
Bom texto :) e grande foto! Foi logo a 1a coisa em que reparei. Grande Zé ;)
Take care