Estou. Sou. Quero. Dou.
Encosto-me a uma porta de madeira velha, parece que quase entro por ela, mas ficarei sempre do lado de fora, sempre a desejar a transparência. Sempre?
Para sempre é tão distante, e sempre achei que as minhas mãos seriam suficientes para enlaçarem as tuas. Sempre ou talvez nunca. Penso, os meus pensamentos flutuam em balões de banda desenhada, e afinal, nunca me achei suficiente para te abraçar inteiro.
As palavras não saem, não sei essa senha secreta, para que a porta se abra, e finalmente veja a transparência dessa força enorme que és tu. Ou tu. Ou mesmo tu. Tu?
Mas quem és tu? Tu, pronome, tu, que eu revejo em tantos rostos e nunca reconheço. Adivinho-te no calor que quase sinto, e desenho-te nas nuvens feiticeiras que me descobrem e refrescam. Mas não nos vejo.
Ver. Preciso de ver. De ver a tua expressão pasmada ou furiosa, de sentir o teu abraço contido, de moldar esse olhar ao meu corpo e dizer-te, ou esconder-te, ou fechar-te, ou escrever-te.
Escorro de mim, a porta não cede, eu não cedo. Ou cedo e consumo o ar que cheira a saudade.
Morro? Não. Apenas me encasulo outra vez, uma e outra vez, uma e sempre outra vez.
Vivo? Só quando me encosto a essa porta, para morrer um pouco mais.
será q os comentários estão de volta?