Na terra parece o meu ser esvair-se em saudades que não sabe nem quer sentir.
Reencontra o olhar subtil das palavras que não querem ser ditas e nem necessitam de o ser.
Recordo a força das palavras, e sinto-me como se a sua ausência me esbofeteasse mais do que todas as minhas ausências. Insignifico dor na medida exacta do ouro que reflicto nos olhos que me ajudam a acordar.
Agora sei o que sente uma esquina, cruzada e olvidada por todos os que a olham e miram sem a ver. Agora sei, agora sinto a dor quase doce de ser uma esquina, um cruzamento, um ponto ínfimo na teia de teias de vidas que por mim cruzam, e dizem "bom dia" com receio de não ganhar entrada directa nos portões dourados do amanhã que já se apressa.
Agora que sei o tamanho da saudade que não sinto, e o tamanho do vazio em que nos torno quando perco as palavras, pareço imersa num turbilhão de vários nós.
Agora que me rodeiam tantas palavras, apenas quero ser esquecida.
Somos nada. Seremos nada, mas amanhã estaremos juntos, abraçados no nada, quem nada tem pouco pode perder, e foi a jogar aos dados que dizem que Deus criou o mundo.
Esqueces-me?
0 Gotas que choveram em “confuso”
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