Deixou de fazer sentido.
Dói ter deixado de fazer sentido... Foram anos a fazer sentido, a alinhar letras e sílabas até que este espaço perdeu força.
Casa vazia, esta. Sempre o foi, mas só agora o sei. Mudo-me.
Sem lágrimas ou ressentimentos. Apenas vazio violeta e um aperto no peito. Mas é o fechamento que pede um novo ciclo. Há coisas que têm de se perder para podermos continuar. Enquanto houver estrada para andar...

Chegas, falas, trazes o oiro nos teus olhos e o calor nas tuas mãos, sorris, trincas uma maçã.
Nesse teu gesto seguro e mudo encontrei-te. Vi e agarrei, soube-te de cor no instante em que fomos sítio onde as mãos se dão. Entranhas-te no meu corpo e cá ficaste, como impressão indelével e inesquecível.
Não caibo em mim. Em mim tudo é maior, bem o sei, e por mais que as palavras ecoem incessantemente, mas hoje compreendo que não sou maior em vão. Somos. Maiores.
Mais do que o desejo e a ternura, mais do que as cores que se redefinem quando as inventamos, mais do que as letras que dão cambalhotas inocentes para se converterem em palavras cujo sentido é somente aquele que lhes damos.
Nesta viagem todo o murmúrio do oceano será apenas ruído, todo o brilho suave do luar será pálido e toda as notas musicais serão harmonias imperfeitas...
[amo-te eu || amo-nos]